Cientistas fazem renúncia coletiva a condecoração entregue por Bolsonaro
Em carta aberta, acadêmicos disseram que não compactuam com o "negacionismo" do governo federal e com a "perseguição a colegas cientistas"
Mais de 20 cientistas fizeram um ato de renúncia coletiva às condecorações da Ordem Nacional do Mérito Científico concedida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) . O ato foi movido pelo fato de o chefe do Executivo Federal ter excluído dois cientistas da lista de agraciados após ataques de bolsonaristas.
A carta em apoio a Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, pesquisador da Fiocruz, e Adele Schwartz Benzaken, diretora da Fiocruz Amazônia, foi divulgado na noite de sexta-feira (5), após decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União em que Bolsonaro anula a admissão dos pesquisadores na classe de "comendador" por conhecimentos sobre ciências da saúde.
"Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade cientifica brasileira nas últimas décadas", diz a carta.
Outro profissional de saúde, Cesar Vitora, já havia recusado o título de grão-cruz da ordem concedido pelo Executivo na última quarta-feira (3). Em carta aberta, o médico disse que apesar do grande "reconhecimento para qualquer cientista brasileiro", não compactua com um governo que "não apenas ignora, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva".