'Kit Covid': Prefeituras continuam a adquirir medicamentos ineficazes
Cidades presentes nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul realizaram compras de remédios comprovadamente sem eficácia contra a pandemia do novo coronavírus; licitações chegam a quase R$ 1 milhão
Mesmo após a comprovação de que o chamado 'Kit Covid' possui remédios ineficazes no combate ao novo coronavírus, Prefeituras de cidades ao redor do país continuaram a adquirir os medicamentos. É o caso dos municípios de Redenção-PA, Passo Fundo-RS, Campo Maior-PI e Araputanga-MT. As informações são do portal Uol.
Estas cidades - localizadas nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul - concluíram seus processos licitatórios partir de junho, ou seja, após a não recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a utilização destes medicamentos.
Nos contratos, há permições para que a aquisição seja realizada conforme a demanda do sistema de saúde local. Segundo a organização 'Transparência Brasil', 49 prefeituras realizaram o processo de compra do 'Kit Covid' no primeiro semestre deste ano. Somente no Rio Grande do Sul, foram identificadas 40 prefeituras que compraram os remédios ineficazes - com valores que somam cerca de R$ 768 mil.
Em Redenção, o licitação chegou a quase R$ 1 milhão - um total de R$ 901 mil - e prevê a entrega, até o fim do ano, de 900 mil comprimidos de ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina e zinco. Com essa quantidade, cada morador poderia receber até nove pílulas.
João Lucimar Borges, secretário municipal de Saúde de Redenção e vereador eleito pelo PSD, alegou não se lembrar do processo licitatório. "Preciso verificar, mas sei que a hidroxicloroquina não estamos mais usando. Quando houve toda a discussão em torno do remédio, sentamos com a equipe técnica e decidimos tirar do kit. A azitromicina e o zinco tenho certeza que estamos distribuindo. A ivermectina preciso checar".
Após algumas horas, o político voltou a afirmar que conversou com um infectologista da pasta e explicou a ação. "Quando eu assumi o cargo, em janeiro, houve um pico altíssimo de casos. Todo mundo estava tentando se apegar em alguma coisa, às vezes [o kit] era até uma coisa psicológica para as pessoas. Agora, estamos evoluindo".