Moraes prorroga inquérito que apura interferência de Bolsonaro na PF pela 4ª vez
Ministro do STF estendeu por mais 90 dias as investigações; Depoimento do presidente sobre acusações de Moro ainda está pendente
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito que apura supostas interferências do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal . A apuração foi aberta após denúncia do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de outubro), o presente inquérito", diz o despacho de Moraes publicado nesta segunda-feira.
O inquérito estava parado desde outubro de 2020, aguardando uma definição do Supremo sobre o formato do depoimento de Bolsonaro à PF, se pessoalmente ou por escrito. No último dia 6, quando a questão começou a ser julgada, o presidente mudou de ideia e encaminhou uma manifestação dizendo que iria depor pessoalmente .
No dia seguinte, Moraes — que assumiu a relatoria do caso após a aposentadoria do ministro Celso de Mello — determinou que a Polícia Federal tome o depoimento do presidente em um prazo de até 30 dias.
A PF já realizou as principais diligências da investigação. Dentre elas, investigadores obtiveram um vídeo de reunião ministerial na qual Bolsonaro manifestou preocupação com investigações que pudessem atingir sua família e amigos.
Com isso, faltava apenas ouvir Bolsonaro a respeito dos fatos. O ministro Celso de Mello havia determinado que o depoimento fosse feito de forma presencial, mas a AGU recorreu argumentando que o presidente tinha a prerrogativa de ser ouvido por escrito. Com isso, o inquérito acabou ficando paralisado à espera de uma definição.
Como a AGU desistiu do recurso, Moraes determinou a retomada do caso e o agendamento do depoimento de Bolsonaro.
A abertura do inquérito foi autorizada em abril de 2020 pelo ministro Celso de Mello. O magistrado entendeu que os crimes supostamente praticados por Bolsonaro, conforme narrado por Moro, podem ser conexos ao exercício do mandato presidencial. O então relator também entendeu que o depoimento de Bolsonaro deveria ser realizado presencialmente.
O inquérito sobre as acusações de Moro, ex-ministro do governo e ex-juiz da Operação Lava Jato, já colheu uma série de depoimentos. Ao final das apurações, caberá ao procurador-geral decidir se vai denunciar Bolsonaro, arquivar as investigações ou pedir novas diligências.