"A chance de golpe é zero", diz Bolsonaro a revista
Em entrevista à 'Veja', presidente falou sobre as eleições e voto impresso, disse que não poderia tabelar os preços e voltou a questionar a eficácia da CoronaVac
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que “a chance de um golpe é zero”. A declaração foi dada em entrevista à revista “Veja” publicada nesta sexta-feira. Na conversa, o presidente falou sobre as eleições de 2022 e voto impresso , disse que não poderia tabelar os preços da gasolina e do gás de cozinha e voltou a questionar a eficácia da vacina CoronaVac.
Bolsonaro foi questionado se suas ações e falas seria a preparação para um golpe de Estado, o que o mandatário negou.
"Daqui para lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade", afirmou o presidente, fazendo uma referência aos processos de impeachments movidos pela oposição.
Na entrevista, Bolsonaro afirmou que vai concorrer à reeleição do ano que vem e disse que “não vai mais repetir o que aconteceu em 2018”. “O vice tem que ter algumas características, tem que ajudar você”, completou. Após frequentes atritos com seu companheiro de chapa, Hamilton Mourão, a expectativa é de que os dois não repetiam a dobradinha de quando foram eleitos. Bolsonaro, no entanto, não descartou essa possibilidade, embora tenha afirmado que vê o general da reserva com um perfil para o Senado.
"O Mourão, por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas no meu entender, seria um bom senador", disse.
Bolsonaro também não descartou a possibilidade de se filiar em algum partido do Centrão para concorrer as eleições do ano que vem:
"Sobre o partido, eu não vou fugir de estar no PP, PL ou Republicanos. Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles. O PTB ofereceu pra mim também."
Bolsonaro negou que tenha preferência para disputar a eleição contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, que recuperou seus direitos políticos este ano, aparece na liderança das intenções de voto para 2022, segundo a última pesquisa Ipec divulgada nesta semana. Sobre isso, Bolsonaro disse que o adversário se beneficia pelas críticas que faz à economia:
"Pesquisa é uma coisa, realidade é outra. O que o outro lado faz?: “Oh, no meu tempo o gás estava tanto, a carne estava tanto”. Eles ficam jogando isso aí, ele pegou uma economia de certa forma arrumada do Fernando Henrique Cardoso. Nós estamos arrumando a casa, engordando o porquinho, espero que o lobo mau não coma o nosso porquinho."
À "Veja", Bolsonaro relativizou a crise econômica e a alta dos preços de itens de consumo como o gás de cozinha e a gasolina. Ao ser questionado, o presidente respondeu que não vai "tabelar ou segurar preços" e que "toda crítica cai no seu colo".
"Eu não vou tabelar ou segurar preços. Não posso tabelar o preço da gasolina, por exemplo, mas quero que o consumidor fique sabendo o preço do combustível da refinaria, o imposto federal, o transporte, a margem de lucro e o imposto estadual. Hoje toda crítica cai no meu colo. O dólar está alto, mas o que eu posso falar para o Roberto Campos [presidente do BC]? Quem decide é ele, que tem independência e um mandato. Reconheço que o custo de vida cresceu bastante aqui, além do razoável, mas vejo perspectivas de melhora para o futuro", disse o presidente.
Bolsonaro também prometeu que o Auxílio Brasil, novo programa social do governo, terá um mínimo de R$ 300. Segundo ele, o valor já foi acertado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao falar sobre o auxílio, o presidente também alfinetou o PT:
"Duvido que o PT se reelegeria com o Orçamento que eu tenho. Com toda a certeza eles iriam furar o teto de gastos."