Sara Winter, Allan dos Santos e Otoni de Paula criticam carta de Bolsonaro
Alguns dos defendores de Jair Bolsonaro foram alvos de busca e apreensão pela Polícia Federal e até presos pelos excessos que cometem nessa proteção ao governo
Entre os bolsonaristas ressentidos desde ontem com o recuo do presidente, por seu manifesto à nação, estão políticos e mobilizadores de redes sociais que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por defenderem com ardor Jair Bolsonaro. Alguns deles foram alvos de busca e apreensão pela Polícia Federal e até presos pelos excessos que cometem nessa proteção ao governo.
Pelo menos quatro desses aliados alvos do STF se manifestaram ontem após a declaração do presidente, em nota, de que nunca teve intenção em agredir os Poderes e que age no "calor do momento".
Mesmo sem atacar frontalmente Bolsonaro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que está preso há quase um mês no Rio, foi citado numa nota do partido e num vídeo da presidente em exercício, Graciela Nienov. Sua prisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a quem Bolsonaro acenou uma trégua e até conversou por telefone ontem. A prisão foi a pedido da PF.
"Não se transige a tirania. Roberto Jefferson, líder petebista, paga um alto preço pela luta por liberdade e justiça. Ele não se rende, não recua, não teme e caminha na vereda da Justiça de Deus. O PTB clama pela liberdade a Roberto Jefferson" - se manifestou o PTB, após Bolsonaro divulgar sua declaração à nação.
O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) também foi alvo de Moraes, que determinou uma busca e apreensão na sua residência, em agosto. Ele responde ação por incitação e ameaças violentas à democracia. Paula, bolsonarista ferrenho, fez um discurso ontem contra a nota do presidente no plenário da Câmara e disse que os conselheiros do presidente o tornaram pequeno.
"Leão que não ruge vira gatinho. E é isso que estão tentando transformar o grande leão desta república", disse Otoni de Paula.
A militante e antiga aliada Sara Winter foi às redes se queixar da nova postura de Bolsonaro. Ela passou dez dias presa em junho, também por decisão de Moraes, relator do inquérito dos atos antidemocráticos. Ela liderou um acampamento, batizado de '300 do Brasil', que protagonizou protestos em frente ao STF.
"Não adianta brigarem comigo, me chamarem de esquerdista. Estou tão triste quanto vocês com essa situação (nota de Bolsonaro). Espero que um dia Bolsonaro deixe de ouvir generais para ouvir o povo" - postou Sara Winter.
Allan dos Santos, responsável pelo "Terça Livre", canal bolsonarista na internet, também não gostou do recuo de Bolsonaro. Ele fez duas publicações bem curtas de contrariedade.
"Game over", expressão inglesa cuja tradução é "fim de jogo". E também afirmou ser "inacreditável", se referindo a essa guinada de Bolsonaro.
Santos responde ao inquérito que apura disseminação de fake news e sobre financiamento de atos antidemocráticos, acusações que nega. Ele já foi alvo de busca e apreensão de agentes da Polícia Federal.