Atos do dia 7: MP apura se coronéis cometeram improbidade ao convocar PMs
MP cita Aleksander Lacerda, coronel afastado por Doria, e Ricardo Nascimento de Mello Araújo, da Ceagesp
O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil nesta terça-feira para investigar se dois coronéis da Polícia Militar cometeram ato de improbidade administrativa ao convocar policiais para a manifestação política de 7 de setembro.
Os investigados são Aleksander Toaldo Lacerda, coronel da ativa e ex-chefe do Comando de Policiamento do Interior-7, afastado do cargo segunda-feira pelo governador João Doria (PSDB) , e Ricardo Nascimento de Mello Araújo, coronel da reserva, ex-comandante da Rota e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns de Entrepostos Gerais de São Paulo (Ceagesp). Por meio de suas redes sociais, Lacerda e Araújo convocaram policiais militares e funcionários do Ceagesp para manifestação no dia 7 de setembro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. A conduta é vedada pela corporação.
Ao GLOBO, o promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, José Carlos Blat, afirmou que a atitude pode, em tese, configurar ato de improbidade, por violar os princípios da impessoalidade e legalidade, previstos na Constituição.
"Obviamente, não se trata de buscar a censura ou qualquer outra espécie de reprimenda. Mas como pessoas que estão exercendo cargos públicos, é necessário seguir uma conduta de comportamento. Eu, como promotor, não posso fazer manifestações dessa ordem, e nem um juiz de direito ou delegado de política", disse Blat.
O promotor afirmou que ainda espera receber informações do comando da Polícia Militar e dos próprios investigados.
Coronel afastado
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", o coronel Lacerda fez publicações convocando seus "amigos" para manifestações do 7 de setembro. Ele também teria chamado Doria de "cepa indiana", o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), de "covarde", e o deputado Rodrigo Maia, nomeado para a secretaria de Projeções e Ações Estratégicas do Estado de São Paulo, de beneficiário de um esquema "mafioso".
O caso levou Doria a afastar o coronel na manhã de segunda-feira, sob a justificativa de que não admitirá manifestações postura de indisciplina e manifestações de policiais militares na ativa de ordem política. Pelo próprio regulamento da corporação da Polícia Militar, policiais são proibidos de participar ou promover atos político-partidários.