Doria chama Aécio de covarde e pária no PSDB: "tem a síndrome da derrota"
Governador de São Paulo ainda acusou o parlamentar de 'negociar emendas na calada da noite' com o presidente Jair Bolsonaro
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) , disparou uma série de ataques ao deputado federal Aécio Neves (MG), seu colega de partido, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite da última segunda-feira (24). O paulista, que disputará a prévia que escolherá em novembro o candidato da sigla à Presidência da República, chamou o mineiro de "covarde" e "pária dentro do PSDB" ao comentar a votação da PEC do voto impresso na Câmara.
Doria ainda defendeu que Aécio peça afastamento da legenda por causa das denúncias de corrupção que enfrenta.
"Aécio Neves tem a síndrome da derrota. E começou a sua pior derrota naquele triste telefonema para um empresário aqui de São Paulo pedindo propina. Eu entendo que pessoas que pedem propina a empresário do meu partido deveriam se afastar", afirmou o governador paulista.
Veja:
FHC apoia candidatura de Doria à presidência: "representa o Brasil do futuro"
Em 2017, Aécio foi flagrado em um telefone em que pedia R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.
Doria já defendeu o afastamento de Aécio do partido, mas a executiva do partido rejeitou a proposta.
"Antes que o partido pedisse a sua expulsão, ele deveria ter a dignidade de afastar do PSDB. Faça a sua defesa. Se for inocentado, volta."
Leia:
Maia declara apoio a João Doria como nome da 3ª via na disputa pelo Planalto
Na visão do governador paulista, a atitudade de Aécio pode ser comparada com a sua abstenção na votação da PEC do voto impresso neste mês.
"Ele não teve essa grandeza (de se afastar) e não teve a grandeza agora porque trabalhou a sua bancada, se é que podemos chamar assim, para votar a favor de Bolsonaro contra a democracia. E na hora do vamos ver se abasteve. Foi um covarde mais uma vez."
Entenda:
Em reunião com governadores, Doria fala sobre risco de infiltração bolsonarista
Indagado sobre a fala de Aécio de que se Doria for candidato a presidente levará o PSDB ao isolamento e transformará a legenda em nanica, o governador partiu novamente para o ataque:
"Que autoridade tem Aécio Neves para falar isso? Nenhuma. Ele é um pária dentro do PSDB e tem a síndrome da derrota. Terei o prazer de vencer aqueles que pensam como Aécio Neves e dever de estar ao lado dos que defendem o PSDB como Fernando Henrique Cardoso."
Doria também acusou o deputado de fazer acordos com Bolsonaro.
"Não me entreguei a Bolsonaro. Não faço acordos com Bolsonaro, não me reúno no Palácio da Alvorada, nem no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro como faz Aécio Neves. Não negocio emendas na calada da noite com bolsonaro para defendê-lo depois na Câmara. Eu apenas lamento que ele esteja no mesmo partido que eu estou."
No domingo, o Globo mostrou como a votação da PEC do voto impresso expôs um núcleo de deputados do PSDB que aderiram ao bolsonarismo. Um dos motivos para a proximidade com o governo federal são as emendas parlamentares.
Durante o programa, Doria ainda voltou a chamar o presidente Jair Bolsonaro "de psicopata". Também afirmou que a inteligência da polícia de São Paulo identificou riscos de ataques a prédios públicos de Brasília manifestações a favor do governo dia 7 de setembro. Segundo o governador, a identificação foi feita através do monitoramento das redes sociais de bolsonaristas de São Paulo.
O governador ainda falou que não acredita que Bolsonaro aceitará se reunir com governadores para tentar diminuir a tensão entre os poderes como foi proposto pelos chefes dos executivos estaduais nesta segunda-feira.
Doria também afirmou na entrevista que considera o governo Bolsonaro pior do que o de Dilma Rousseff (2011-2016).
"Dilma fez um péssimo governo e o Bolsonaro conseguiu ser pior."
Sobre a provável saída do ex-governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, do PSDB, Doria ter proposto a ele que disputasse o Senado ou as prévias da sigla no estado e tentou mostrar conformismo com sua mudança de sigla.
"Gosto e continuarei a gostar dele mesmo que ele vá para outro partido."