Delegada diz ao TSE que há lista de canais que promovem desinformação política
Corregedor realizou reunião com plataformas para debater determinação para suspender repasses a páginas que disseminam notícias falsas
Em reunião promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as plataformas digitais para debater formas de aplicar a suspensão de repasses financeiros oriundos de monetização a pessoas e páginas que disseminam desinformação, a delegada da Polícia Federal, Denisse Dias Rosa, disse que há um "rol de canais que promovem uma maior forma de pulverização da desinformação e comercializam ideologia política".
O encontro foi realizado nesta quinta-feira pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, e reuniu, além da delegada responsável pelo inquérito administrativo que apura a articulação de rede de pessoas que disseminam notícias falsas, representantes das plataformas digitais YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook.
A decisão que bloqueia os repasses financeiros foi tomada na última segunda-feira por Salomão, ao analisar pedido da PF para a aplicação de medidas cautelares na investigação.
“É isso que queremos evitar. Não se trata de censura, nem mesmo perseguição. Por isso, a forma mais indicada é retirar o incentivo financeiro dos canais listados”, esclareceu Denisse ao falar sobre o rol de canais.
De acordo com o TSE, a delegada também se mostrou preocupada com o sistema de burlas dos canais, que podem utilizar métodos ilícitos para continuar promovendo a desinformação e os ataques à Justiça Eleitoral.
Entre as principais burlas citadas por ela estão: a criação de canais alternativos (na mesma plataforma) e a migração de seguidores; a mudança de plataforma para outra que não foi bloqueada; o uso de canais de terceiros que não foram alcançados pela decisão; e, por último, a utilização de canais cujos domínios estão registrados em outro país.
Segundo Salomão, a ideia do encontro desta quinta-feira foi estabelecer um diálogo cooperativo e esclarecer dúvidas que ainda restam por parte das plataformas digitais, para que “se dê o fiel cumprimento à determinação e, assim, se dê prosseguimento às investigações”.
“Eu tenho muita expectativa de que formemos aqui uma conscientização da relevância desse momento, no qual a colaboração do setor público e privado nesse diálogo é fundamental para se chegar a um bom termo em prol da sociedade, e para que a Eleição de 2022 transcorra dentro da normalidade”, disse Salomão, destacando que o objetivo do inquérito é aprimorar ainda mais o sistema eleitoral, além de cessar os ataques indevidos ao sistema eleitoral.
Ainda segundo a assessoria de comunicação do TSE, os representantes das plataformas se mostraram "totalmente abertos e colaborativos para o diálogo conjunto". Também se comprometeram a identificar e não permitir o acesso aos respectivos canais de páginas e pessoas que praticam condutas ilícitas.