Presidentes de partidos classificam desfile militar como 'injustificável'
Representantes de diversas siglas alegam que o ato trata-se de uma 'tentativa de intimidação'
Nesta terça-feira (10), dia em que a Câmara dos Deputados votará a PEC do voto impresso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de um desfile militar com veículos blindados e tanques de guerra em Brasília . Em resposta, presidentes de partidos classificaram o ato como "reprovável", "injustificável" e uma clara "tentativa de intimidação". As informações são da jornalista Camila Mattoso.
Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, considerou que o desfile é "dispensável e tenho a impressão de que está sendo feito para trazer temor. Triste do Brasil se isso for verdade".
O líder partidário ressaltou ainda que o Brasil possui outras prioridades e lamentou a concentração de energia em temas que não estejam relacionados com a vacina, a fome e a falta de internet nas escolas brasileiras.
ACM Neto, presidente do DEM, disse não ver sentido na realização do ato militar e afirmou que a manifestação "não tem nenhuma força intimidatória sobre o Congresso Nacional ou as lideranças políticas do país".
Carlos Lupi, representante do PDT, informou que entrará com uma ação no Ministério Público para que Bolsonaro seja submetido a um exame de sanidade mental. "O único jeito é internar, não dá mais para brincar. Vamos radicalizar também da nossa parte".
Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, vê o ato como "sinal de fraqueza. Quando você põe blindado na rua é porque perdeu a batalha da política. Vamos enfrentar. Estou até brincando: com blindado ou sem blindado, Bolsonaro será derrotado".
Outras siglas como o PT, PSB, PC do B, PDT, REDE, PSOL, PSTU e Solidariedade assinaram uma nota e condenaram a "tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional".
Confira o posicionamento conjunto dos partidos acima:
Um comunicado oficial do Ministério da Marinha anunciou a realização de um desfile de blindados, acompanhado de sobrevoos pela Esplanada, em Brasília, nesta terça-feira, tendo como destino o Palácio do Planalto.
O motivo alegado é marcar a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem um tradicional exercício da Marinha previsto para 16 de agosto, em Formosa (GO).
Em meio às sucessivas declarações golpistas de Bolsonaro, e da votação do projeto do "voto impresso" nesta mesma terça-feira, com previsão de derrota, o desfile é uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional.
Estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público.
Neste momento em que o Brasil acumula a trágica marca de quase 600 mil mortes, não tem sentido expor pessoas, inclusive os militares, promover aglomeração e gastar recursos públicos com tal atividade.
É inaceitável, ainda, que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta desta maneira, usada para sugerir o uso de força em apoio à proposta antidemocrática e de caráter golpista, defendida pelo presidente da República.
O Brasil ainda está em guerra contra o coronavírus, embate agravado pela variante Delta, pelo desemprego e pela fome, o que exige de toda a sociedade compromisso com a defesa dos verdadeiros interesses dos brasileiros.
O povo não quer ver desfile de tanques de guerra, quer vacina no braço, respeito à democracia e instituições e governantes que trabalhem para gerar empregos e para acabar com a fome no país.