PTC se nega a filiar Weintraub para concorrer em SP: 'Somos contra extremismo'
Presidente do partido, Daniel Tourinho, veta bolsonaristas em sua legenda após ala paulista da sigla admitir conversa com ex-ministro visando eleição estadual
O presidente nacional do PTC, Daniel Tourinho, negou a possibilidade de filiar bolsonaristas em seu partido. A declaração acontece uma semana após O GLOBO noticiar que aliados do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub negociam o desembarque do grupo no diretório paulista da sigla para lançar o ex-ministro ao governo de São Paulo . Segundo Tourinho, o PTC é "contra o extremismo" e Weintraub "está engajado num projeto de Bolsonaro" ao qual ele é "completamente refratário".
— Jamais o meu partido cederia espaço ao Weintraub. Nunca, jamais. O Bolsonaro precisa ser contido. E não tem nada melhor para contê-lo do que outubro de 2022. Se depender de mim, o presidente fica sem legenda — afirmou Tourinho, em referência às eleições.
O dirigente disse ter procurado Carlos Roberto de Almeida, presidente do diretório de São Paulo, para ouvir explicações, após ter lido reportagem do GLOBO em que o correligionário confirma a negociação. Segundo Tourinho, foi uma "declaração infeliz" e o assunto está encerrado dentro da legenda.
Na semana passada, Almeida disse ao GLOBO que uma das condições impostas pelos aliados do ex-ministro ao PTC de São Paulo foi a inclusão de uma cláusula estatutária para impedir a executiva nacional de interferir no diretório estadual. A exigência atravancou as conversas. Almeida declarou ter informado a Weintraub que não teria condições de fazer essa alteração no estatuto, mas que continua trabalhando para fechar o acordo.
Procurado novamente esta semana, ele afirmou que o diretório estadual vai "acompanhar as decisões da (executiva) nacional".
O principal articulador do projeto de Weintraub é o advogado Victor Metta, ex-assessor no MEC, com quem Tourinho afirmou ter se reunido “por educação” para ouvir sobre a proposta.
Metta diz que a intenção da articulação é “servir de apoio” aos planos de Bolsonaro. Para ele, a formação de um partido mais “orgânico” para o bolsonarismo é uma etapa natural do processo de maturação da direita conservadora no Brasil.
A ideia do grupo de Weintraub é fechar com um partido até setembro ou outubro e começar um road show pelo interior de São Paulo, apresentando o novo projeto à militância bolsonarista. Com a negativa do PTC, porém, o grupo terá que procurar outra legenda. Bolsonaristas têm negociado também com PTB, de Roberto Jefferson.
A dificuldade de candidatos bolsonaristas encontrarem um partido para concorrer em 2022 também se reflete nos planos do presidente Jair Bolsonaro.
O projeto original do c hefe do Executivo era se filiar ao Patriota para ter o controle dos diretórios estaduais e da maioria da executiva nacional. A legenda, por sua vez, buscaria com a filiação de Bolsonaro ampliar a bancada de deputados federais em 2022 e, assim, superar a cláusula de barreira e angariar maior fatia do fundo partidário.
A estratégia do presidente do Patriota, Adilson Barroso, no entanto, tem esbarrado na oposição do vice-presidente da legenda, Ovasco Resende. Ele judicializou a questão e impôs derrotas à ala de Barroso, que havia feito mudanças no estatuto para deixá-lo sob medida para o ingresso de Bolsonaro. No último dia 9, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) validou a convenção que afastou Barroso da presidência e oficializou Resende no comando da sigla.