Queiroga diz que ministério abriu sindicância para apurar denúncias de propina
Em entrevista a jornal, empresário disse que ex-diretor do Departamento de Logística da pasta teria pedido US$ 1 por dose de vacina
Por Agência O Globo | | Agência O Globo - |
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , afirmou nesta quarta-feira que o ministério instaurou uma sindicância para apurar as denúncias feitas por um empresário ao jornal Folha de S. Paulo de que o ex-diretor do Departamento de Logística da pasta, Roberto Dias, teria pedido propina em uma negociação para aquisição de vacinas.
Na noite de terça-feira, a pasta anunciou que faria a exoneração de Dias, o ato saiu no Diário Oficial da União desta quarta. Além da denúncia feita ao jornal, Dias foi citado pelo servidor da pasta Luis Ricardo Miranda, em entrevista ao GLOBO, como uma das autoridades que o pressionou pela acelerar a compra da vacina indiana Covaxin.
O ex-diretor do Departamento de Logística foi indicado pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que também foi citado em depoimentos na CPI da Covid-19 no Senado.
"Isso está sendo apurado. Instauramos uma sindicância e essa sindicância vai trazer conclusões, mas enquanto isso de maneira cautelar nós afastamos", afirmou Queiroga em referência às denúncias de cobrança de propina.
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O ministro negou que haja relato de outros servidores envolvidos:
"Não se sabe de possíveis servidores, o que fizemos foi o que cabia para oportunidade à espécie."
Em entrevista à Folha, o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, afirmou que teria sido pedido o acréscimo de US$ 1 por dose de vacina a ser pago por fora. O empresário diz que negociava 400 milhões de doses do imunizante da Astrazeneca com a pasta.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde suspendeu o contrato com a Precisa para aquisição das doses da Covaxin . A medida foi tomada após orientação da Controladoria Geral da União. Em entrevista, o relator da CPI da Covid-19 no Senado, Renan Calheiros, afirmou que a medida era uma "confissão".
"Quando o Queiroga suspende o contrato da Covaxin, isso é uma confissão, uma demonstração pública de culpa. Infelizmente, o Queiroga tem sido uma espécie de Pazuello de jaleco."