Luciano Huck descarta concorrer à Presidência da República

Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, apresentador fala da renovação de seu contrato com a Globo para substituir Fausto Silva em um programa aos domingos, revela que votou em branco em 2018 e diz que sempre terá atuação política

Foto: O Antagonista
O apresentador de TV Luciano Huck

O apresentador de TV Luciano Huck afirmou ontem que não pretende concorrer à Presidência da República nas eleições do ano que vem . Em entrevista ao programa "Conversa com Bial", da Globo, Huck contou que decidiu renovar o seu contrato com a emissora e não ingressar na política. No entanto, ele se definiu como um ator político, interessado em dar contribuições para o debate público como “cidadão ativo” e disse que pretende continuar contribuindo “com ideias”.

" Eu nunca me lancei candidato a nada, vamos deixar claro . Não estaria retirando nada porque nunca lancei candidatura", afirmou Luciano Huck ao jornalista e apresentador Pedro Bial, lembrando que sua trajetória como comunicador o levou a viajar o país e conhecer de perto a realidade brasileira.

"A fumaça não volta para dentro da garrafa. Eu adoro reunir ideias, pessoas e soluções. Eu continuo na trajetória que sempre tive. Minha trajetória até hoje não foi partidária e nem eleitoral. Ela foi política, porque a política é o que transforma. É nessa política em que acredito e é essa política que a gente tem que ocupar", disse.

Huck revelou que votou em branco nas eleições de 2018 e disse não se arrepender disso. Mas ressaltou que, em 2022, pretende estar ao lado de quem defende a democracia.

"Eu votei em branco na última eleição. E acho que naquela circunstância era o que eu deveria ter feito. E fiz com bastante tranquilidade. Entre os dois candidatos que se apresentavam eu não me sentia representado por nenhum dos dois. E achei melhor votar em branco. Foi o que eu fiz. Então não me arrependo. Votei em branco e votaria de novo".

O apresentador fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro e ao envolvimento das Forças Armadas com a política. Mas também se mostrou contra a antecipação das negociações em torno de nomes para a campanha eleitoral de 2022. "Acho que quando você começa a colocar as Forças Armadas no caderno de política (dos jornais), estão no lugar errado", afirmou.

Cotado em 2018 para concorrer ao Planalto, ele preferiu não concorrer naquela ocasião. Bial lembrou que ele chegou a ser procurado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre essa possibilidade. Desde então, vinha sendo cortejado por partidos para se filiar com vistas a 2022.

Nesses últimos anos, manteve conversas próximas com siglas como Rede e Cidadania, cujo presidente, o ex-deputado Roberto Freire, é um interlocutor seu. O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, atualmente sem partido, vinha sendo um dos principais conselheiros políticos do apresentador nesse período. Na área econômica, manteve conversas com o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

"Nunca tive o desejo incontrolável do poder. Tenho o desejo incontrolável de participar", afirmou o apresentador, defendendo a necessidade de que a sociedade recupere a capacidade de dialogar e de criar oportunidades para todos. "Não saio do debate público. Eu gosto dessa arena e do debate das ideias. Acho que precisamos superar o que tanto nos atrapalha hoje em dia, que é essa divisão do país, essa polarização, essa raiva entre quem pensa diferente".

Perguntado sobre se é tarde demais para uma terceira via entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu que não é momento de debater nomes, mas ideias: "Acho que, neste momento, querer dar nome aos bois, fulanizar as soluções dos nossos problemas, é jogar o debate numa vala mais rasa".

Novo desafio na tv
Bial lembrou que, em 2018, Huck afirmou que não votaria jamais no PT por causa dos escândalos de corrupção. Sobre Bolsonaro, disse que todo mundo pode amadurecer. O jornalista quis saber se ele mudou de opinião. Foi quando Huck revelou que votara em branco no segundo turno da última eleição presidencial por não se ver representado pelas opções e afirmou: "Neste momento, não estamos falando de A ou B, mas de quem defende a democracia e quem a ataca. Acho que a democracia foi uma conquista. Eu estarei sempre, em qualquer tempo, do lado da democracia".

Huck disse acreditar que tem melhores condições de contribuir para isso na TV. Ele aceitou convite da Globo para substituir Fausto Silva nas tardes de domingo da emissora. Huck afirmou ter uma confiança grande no potencial de comunicação da TV aberta e disse que vê o veículo como fundamental na reconstrução da autoestima do país.

"Eu tenho certeza que posso contribuir muito para o país estando nos domingos da Globo", afirmou Huck, que descreveu o convite para um programa aos domingos como o maior desafio de sua carreira. "Isso não quer dizer que estou fora do debate público".

Durante a entrevista, Huck afirmou que sempre foi próximo da política, por influência de sua família. Disse já ter se arrependido de posições e de frases que disse no passado e atribuiu o seu amadurecimento às viagens pelo país para visitar famílias com o seu “Caldeirão do Huck”. Ele criticou a desigualdade no país e definiu como “loteria do CEP” as evidências de que o lugar em que o brasileiro nasce determina as oportunidades que terá. "O Brasil precisa de um projeto de país", afirmou.