TCU afasta auditor que elaborou relatório falso e pede investigação da PF

O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques é o autor de um relatório falso que aponta suposta supernotificação de óbitos por Covid-19 no Brasil em 2020

Foto: Agência Brasil
Tribunal de Contas da União (TCU)

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira pelo afastamento, por 60 dias, do auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques , acusado de elaborar um relatório fraudulento sobre uma suposta supernotificação de mortes por Covid-19. A Corte ainda decidiu abrir um processo administrativo-disciplinar e pedir a investigação da Polícia Federal sobre o caso.

A decisão foi tomada pela presidente Ana Arraes após pedido do ministro-corregedor do tribunal, Bruno Dantas. Segundo Dantas, uma apuração preliminar mostra que o auditor cometeu diversas infrações disciplinares ao criar um relatório paralelo — e falso—, além de se utilizar dele para se beneficiar e vazar informações do TCU. Há também a suspeita de que o auditor tenha cometido crime de prevaricação.

Marques será afastado por pelo menos 60 dias e proibido de entrar no TCU ou acessar quaisquer dos seus sistemas, até o fim do processo interno.

O documento do servidor — que ficará afastado por dois meses e impedido de entrar no TCU— foi citado por Bolsonaro para embasar seus argumentos sobre uma suposta sobrenotificação de 50% das mortes decorrentes da pandemia em 2020. No mesmo dia, foi desmentido pela Corte.

“O documento refere-se a uma análise pessoal de um servidor do Tribunal compartilhada para discussão e não consta de quaisquer processos oficiais desta Casa, seja como informações de suporte, relatório de auditoria ou manifestação do Tribunal. Ressalta-se, ainda, que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU”, disse o TCU, em nota.

Apesar de ter sido desmentido, Bolsonaro voltou a contestar o número de óbitos na manhã desta quarta-feira.

“Pelo que tudo indica há fortes indícios que tivemos supernotificações”, disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. “Eu entendo que tem de ser analisado e no meu entendimento tivemos sim supernotificação sim, alguns governadores praticaram isso daí.”

 O presidente, porém, não apresentou qualquer prova do que disse. Estudos de especialistas mostram o contrário: que pode haver subnotificação de até 30% no número de contaminações por Covid-19.