Bolsonaro diz que assim como cloroquina, vacinas estão em "estado experimental"

Sem provas, presidente voltou a repetir hipótese de supernotificação de mortos por Covid-19

Foto: O Antagonista
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Um dia depois do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmar que não há eficácia comprovada para a hidroxicloroquina, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender seu uso.

Em discurso feito em evento com igrejas evangélicas em Anápolis, Bolsonaro comparou a hidroxicloroquina com as vacinas aplicadas na população. O presidente sugeriu que também não há comprovação científica da eficácia da vacina, que estaria em fase experimental.

Apesar da declaração do presidente, a eficácia de todas as vacinas foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ). Testes realizados em milhares de pacientes apresentaram uma diminuição na chance de contrair a doença.

No caso da hidroxicloroquina , diversas pesquisas já apontaram que o medicamento não tem eficiência para combater pacientes com Covid.

Também sem provas, Bolsonaro voltou a propagar a hipótese de que houve supernotificação de mortes por Covid-19 no ano passado e que mais da metade das mortes no país não ocorreram por causa da doença. Segundo ele, essa suposta diminuição teria ocorrido por causa do tratamento precoce defendido por seu governo.

No seu discurso, feito em um evento de igrejas evangélicas em Anápolis (GO), o presidente citou o documento que foi incluído no sistema do Tribunal de Contas da União e defende a tese de supernotificação. Segundo ele, o documento foi feito por "pessoas que estão ao seu lado".

Com base nos números do documento, desmentido pelo Tribunal de Contas da União ( TCU ), Bolsonaro afirmou que o Brasil, na verdade, seria o país com menos mortes por milhão no mundo.

"Se nós retirarmos as possíveis fraudes, vamos ter em 2020 o país como aquele com menor número de mortes por milhão de habitante por causa da Covid. Que milagre é esse? O tratamento precoce", afirmou o presidente.

Bolsonaro repetiu que tomou hidroxicloroquina e também citou outros medicamentos que ainda não tem eficácia comprovada.

"Querem prova maior que isso? Eu tomei hidroxicloroquina, outros tomaram ivermectina, outros estão tomando porque é difícil encontrar no Brasil, a proxalutamida".

Nesta terça-feira (8), durante seu segundo depoimento à CPI da Covid, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , negou a eficácia da vacina. A fala contrasta com o discurso de Bolsonaro, que já fez por diversas vezes a defesa do uso desses medicamentos.

"Eu já respondi a vossa excelência. Essas medicações não têm eficácia comprovada", disse Queiroga, em resposta a Renan.

Essa não foi a única vez durante seu novo depoimento à comissão parlamentar de inquérito que o ministro negou a eficácia da cloroquina. Ao ser questionado por Renan sobre Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina", secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Queiroga voltou a afirmar que não reconhecia a eficácia da droga.

"Vossa excelência concorda com o posicionamento da Dra. Mayra sobre o tratamento precoce no que lhe diz respeito, como Ministro da Saúde e como médico?", perguntou Renan.

"Senador, eu já externei aqui a minha posição acerca dessas medicações. Para mim não há evidência comprovada da eficácia desses medicamentos", afirmou o ministro.