Investigação de Salles preocupa internacionalmente por desmate e corrupção
Entidades internacionais e embaixadas de países no Brasil comentaram o caso
A operação da Polícia Federal deflagrada na última quarta-feira, 19, com diversas buscas e apreensões contra Salles e o Ministério do Meio Ambiente
, com determinações do Supremo Tribunal Federal (STF) para afastamento de pessoas ligadas à pasta, como o presidente do Ibama
, Eduardo Abim, repercutiu internacionalmente.
Kiran Azis, analista de investimento do KLP, afirmou à Folha de São Paulo que a investigação do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, é muito preocupante pela questão dos desmatamento e pelas possibilidades de casos de corrupção existentes. O KLP é maior fundo de pensão da Noruega e administra cerca de US$80 bilhões (R$ 421 bilhões) em ativos.
“É profundamente preocupante que o ministro do Meio Ambiente seja alvo de uma investigação relacionada à exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e Europa”, afirmou Kiran Aziz. Que ainda disse que as investigações serão acompanhadas pela entidade: “Vamos monitorar isso de perto para entender as evidências e o resultado dessas alegações muito sérias”.
De acordo com o blog Ambiência, de Ana Carolina Amaral, na Folha de S. Paulo, Tobias Bradford, porta-voz da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, disse que o país acompanha a situação com “plena confiança nas instituições democráticas do governo brasileiro” e que “a cooperação ambiental com o Brasil é profunda e multifacetada” e, por isso, deve continuar.
A embaixada do Reino Unido no Brasil disse, em nota que, “Nossas regulações garantem que toda madeira importada do Brasil deve ser extraída de acordo com a legislação brasileira. Importadores são fiscalizados e multados caso não façam as verificações adequadas ou tentem importar madeira extraída ilegalmente”.
O Reino Unido não apareceu na investigação como um dos destinos da madeira investigada. Mas o país sedia a madeireira Tradelink (com filial no Pará), que é um dos alvos da operação por exportações de madeira ilegal para os Estados Unidos, Bélgica e Dinamarca.
Desde 2003, a União Europeia e o Reino Unido tentam assinar acordos com países que exportam madeira para evitar a ilegalidade, mas o Brasil não chegou a assinar. Isso porque fraudes nas documentações das autoridades brasileiras são uma das principais estratégias no país para a exportação de madeira ilegal.
Para o analista do fundo da Noruega as preocupações dos investigadores estão relacionadas não apenas ao meio ambiente, mas também às possibilidades de corrupção. "Isso não está apenas relacionado ao meio ambiente, mas também potencialmente à corrupção, em um contexto de taxas crescentes de desmatamento, falta de responsabilidade do Estado e um Ministro do Meio Ambiente que falou anteriormente em usar Covid-19 como capa para [esconder] a desregulamentação”, afirmou Kiran Aziz.
- Com informações da Folha de S. Paulo.