Governo bate martelo e inclui Forças Armadas em vacinação contra a Covid-19
Decisão foi tomada neste sábado em reunião com Queiroga e Braga Netto. Especialistas alertam que problema no país é falta de doses, não postos de imunização
O governo decidiu neste sábado (03), avançar com o plano de usar militares das Forças Armadas na campanha de vacinação contra a Covid-19
no Brasil. O assunto foi tratado em reunião neste sábado com os ministros Braga Netto (Defesa) e Marcelo Queiroga (Saúde). Especialistas apontam, no entanto, que o gargalo para acelerar a campanha de vacinação é a falta de doses, não de postos de aplicação.
A expectativa é que um anúncio oficial seja feito ainda neste sábado. Na semana passada, Bolsonaro já havia afirmado, em conversa com apoiadores, que estudava acionar batalhões para participar da operação. A ideia seria aumentar o ritmo de aplicação em um momento que se espera ampliar o número de doses no país.
Na semana passada, Queiroga afirmou que o plano do Ministério da Saúde é garantir a aplicação de 1 milhão de doses por dia. Especialistas apontam que a meta é factível, mas tem pontos de incerteza. O principal ponto é garantir que as vacinas cheguem nas datas previstas, o que não tem ocorrido.
Caso o cronograma mais recente seja cumprido, em abril o Brasil passa a ter em estoque mais vacinas do que o necessário para manter esse ritmo de vacinação. Em outubro, já terão sido adquiridas doses para vacinar a população inteira. E, com 1 milhão de aplicações por dia, 75% da população será vacinada neste ano.
O calendário, no entanto, inclui pontos que geraram dúvidas em especialistas, como contratos ainda não assinados e vacinas ainda não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ).
A previsão de entrega de vacinas para abril já foi alterada várias vezes; Inicialmente, eram previstos 57 milhões de doses, número de que foi reduzido para 47 milhões e, depois, para 38 milhões, na versão do dia 19 de março. Nesta semana, Queiroga falou em 25,5 milhões de doses.
Capilaridade na vacinação
Na avaliação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que participou das tratativas, a entrada de militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na operação ajudará a aumentar a capilaridade na aplicação de doses.
"Estão faltando capilaridade e mais postos de vacinação porque existem muitas doses entregues pelo governo e ainda não aplicadas. Todo esforço concentrado é para agilizar essa vacinação. Por isso a decisão do presidente. O fluxo de vacinas só vai aumentar daqui para frente", disse o senador.
Apesar da declaração do parlamentar, há casos de estados que interromperam as aplicações após seguir a orientação do Ministério da Saúde para reservar doses para a segunda aplicação da vacina. Essa orientação mudou mais de uma vez.
O parlamentar disse ainda que as Forças Armadas devem atuar para evitar fraudes na aplicação, como os indícios de "aplicações de vento":
"Tem muita vacina entregue e não aplicada, com aplicação de vento, aplicação de soro fisiológico em vez da aplicação de vacinas, há denúncias de vacinas falsas. Então as Forças Armadas vão para a rua para aplicar", disse o senador.
A fraude a que o parlamentar se refere é a denúncia de que empresários teriam participado de uma campanha de vacinação clandestina em Minas Gerais. As investigações indicam que o material aplicado seria soro fisiológico .