Prefeitos cobram "humanidade e empatia" de Bolsonaro no combate à Covid-19

Conselho Nacional de Municípios envia carta ao presidente pedindo alinhamento entre os três poderes

Foto: O Antagonista
Presidente da República Jair Bolsonaro

Nesta terça-feira (23), o presidente Glademir Aroldi, da Confederação Nacional de Municípios  (CNM) enviou uma carta representando todos os governantes para o presidente da República Jair Bolsonaro , implorando para que o governo tome atitudes em relação ao combate do novo coronavírus .

De acordo com documento, é ressaltado o pedido de que “o presidente da República assuma de uma vez por todas o papel constitucional de coordenação nacional no enfrentamento da Covid-19 no país”. Esse é mais um apelo feito pela CNM para que medidas fossem tomadas em relação à proliferação do vírus.

Também nesta terça, foi liberado um vídeo pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) , com o conteúdo de que o governo nunca adotou um discurso antivacina  e que as falas do presidente Bolsonaro são distorcidas pelos veículos de comunicação

Confira a carta completa:

"Carta aberta ao presidente da República

O Brasil vive o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história, tornando-se epicentro mundial da pandemia. Diante desse triste cenário, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), no exercício de representação dos Municípios brasileiros e de seus governantes, conclama ao presidente da República que assuma de uma vez por todas o papel constitucional de coordenação nacional no enfrentamento da Covid-19 no país, promovendo o alinhamento entre as esferas de governo e de poder.

É hora de focar no presente, produzir resposta efetiva, colocar a evidência científica como norte e despolitizar a pandemia, superando divergências e priorizando a defesa da vida para estancar as milhares de mortes e aplacar o sofrimento das famílias brasileiras. Agora, na pior fase da pandemia, com resultados trágicos cuja dimensão social e econômica ainda é incalculável, o movimento municipalista reitera que a soma de esforços representa o único e inadiável caminho, no qual o papel de coordenação da União faz-se indispensável.

Dessa forma, o presidente da República deve estar pessoalmente empenhado na execução de campanha de comunicação em prol da eficácia e da segurança das vacinas, além da defesa das medidas não farmacológicas, como o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool gel, que vêm sendo adotadas em todo o país por Estados e Municípios. Faz-se urgente também a implementação de medidas pela União nas atividades de âmbito nacional, dando maior efetividade às ações dos demais Entes federados.

Não cabe transferência de responsabilidades neste momento dramático. É urgente que todas as autoridades públicas de todos os Poderes, da União, dos Estados e dos Municípios, bem como a sociedade brasileira, trabalhem de forma harmônica e colaborativa. Esse alinhamento é o único caminho para frear o
crescimento geométrico de casos diante de um sistema de saúde colapsado, com esgotamento estrutural e pessoal.

Urgem ações emergenciais para o fomento à produção e à importação de neurobloqueadores e oxigênio, além de uma operação logística nacional para o monitoramento e o remanejamento desses insumos no território. Uma nação não pode aceitar cidadãos morrendo sufocados ou tendo que suportar dores
indescritíveis decorrentes de intubação sem anestesia. O Brasil está em guerra contra o vírus e, na guerra, todos têm responsabilidades. A União precisa reorientar as plantas produtivas à disposição no país e, mais do que nunca, mobilizar a diplomacia internacional a fim de garantir as condições necessárias, para responder a esta batalha.

As prefeitas e os prefeitos do Brasil fazem a sua parte e continuarão não medindo esforços para exercer seu papel de corresponsabilidade, mas precisam e clamam para que o presidente da República assuma, de forma inadiável, seu dever de coordenar a nação, respeitando a população, a ciência e a comunidade internacional com a humanidade e a empatia exigidas de um Chefe de Estado.

Brasília, 23 de março de 2021.

Glademir Aroldi

Presidente da CNM".