‘Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui’, diz Jair Bolsonaro
Declaração foi dada para apoiadores que se aglomeraram em frente ao Palácio da Alvorada para comemorar o aniversário do presidente
Em meio à queda de popularidade e a inúmeros pedidos de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar a atuação do governo no combate à Covid-19,
o presidente Jair Bolsonaro
disse neste domingo que “só Deus” o tira do cargo.
"Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui", afirmou o presidente diante de uma pequena multidão que se aglomerou em frente ao Palácio da Alvorada para lhe homenagear por seu aniversário. Bolsonaro
faz 66 anos de idade neste domingo.
Durante um breve discurso, Bolsonaro fez menções a “tiranos” que estariam tentando tolher o direito de ir e vir do povo. Ele não disse a quem se referia, mas na semana passada, o governo federal ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF)
para reverter toques de recolher impostos pelos governos da Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
"Se alguém acha que, um dia, nós abriremos mão da nossa liberdade, estão enganados. Alguns tiranetes, ou tiranos, tolhem a liberdade de muitos de vocês. Podem ter certeza que o nosso Exército é o verde-oliva e é o de vocês também", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro insinuou que estariam “esticando a corda”, mas que seus apoiadores poderiam contar com as Forças Armadas. "Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade. Estão esticando a corda. Faço qualquer coisa pelo meu povo e esse qualquer coisa é o que está na nossa Constituição, é a nossa democracia e o nosso direito de ir e vir", disse o presidente.
Em outro ponto do discurso, Bolsonaro defendeu sua atuação no combate à Covid-19. "Fizemos, até o momento no combate ao vírus, não só compra de vacinas desde o ano passado, bem como o maior projeto social do mundo, que foi o auxílio emergencial. O povo precisou e nós atendemos. Agora, o povo mais pede pra mim é: eu quero trabalhar', afirmou Bolsonaro.
Ao contrário do que ocorreu em diversas outras aparições públicas do presidente, Bolsonaro foi ao encontro dos seus apoiadores usando máscara.
O discurso acontece na semana seguinte à divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha que revelou que 54% da população rejeita a condução da epidemia de Covid-19 feita por Bolsonaro. Pesquisa realizada em janeiro indicavam que esse percentual era de 48%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Além disso, há diversos pedidos para a instauração de uma CPI para investigar a atuação do governo no combate à epidemia. Entretanto, nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e nem o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dão indicações de que podem acatar os pedidos.