Ex-vereador é acusado de racismo ao 'analisar' bancada do PSOL na Câmara

A acusação foi feita após Nagelstein enviar uma mensagem a um grupo de apoiadores analisando a nova composição da Câmara

Foto: Reprodução/Instagram
O ex-vereador teria sido acusado após enviar um áudio em um grupo de apoiadores

Nesta terça-feira (09), o ex-vereador Valter Nagelstein (PSD) foi indiciado por racismo qualificado em uma investigação da Polícia Civil que apurou um áudio enviado por ele a um grupo de apoiadores. As informações são do portal GauchaZH .

Na mensagem, o acusado fala sobre a nova composição da Câmara, dizendo que os recém eleitos do PSOL, "muitos deles jovens, negros ", não têm "nenhuma tradição política, nenhuma experiência e têm pouquíssima qualificação formal".

Segundo Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, Nagelstein incitou as pessoas para as quais enviou o áudio a pensar da mesma maneira. "Os critérios que identificam a  discriminação racial resultam da conjugação de dois fatores. A primeira é a motivação orientada pelo preconceito e a outra é a finalidade de submeter a vítima a situações de diferenciação quanto ao acesso e gozo de bens, serviços e oportunidades. Que é exatamente o que a gente vê aqui", afirmou.

A investigação começou após uma notícia-crime ser enviada pela Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, que atendeu a pedidos feitos pelo Movimento Negro Unificado e outras 40 entidades.

A bancada negra da Câmara, formada por Karen Santos (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL), disse ter se sentido atacada com o conteúdo da mensagem.

Negou as acusações

Em depoimento, o ex-vereador negou o cunho  racista em sua fala e disse que a declaração foi apenas uma análise do resultado da eleição, que elegeu pessoas com pouca qualificação formal. Ele ainda afirmou que o fato dele ter descrito essas pessoas como negras não configura racismo, enfatizando que não teve intenção de proferir falas discriminatórias.

"Reitero que é uma questão política. Não houve em nenhum momento intuito meu de praticar nenhum ato de racismo. Fiz uma avaliação em relação ao discurso que essa bancada faz e o resultado eleitoral e ponto. De novo, lamento a posição da delegada", destacou Nagelstein.