Maia acusa governo de "prometer" R$ 20 bilhões por votos na eleição da Câmara

Presidente da Casa critica pressão do Planalto para formar maioria a favor de Arthur Lira, candidato do presidente Jair Bolsonaro

Foto: Agência Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM)


O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) , acusou, nesta quarta-feira (27), o governo Jair Bolsonaro de prometer R$ 20 bilhões em emendas parlamentares em troca de votos para eleição na Câmara dos Deputados.

Em meio a uma crise no próprio partido, o DEM, cuja bancada está dividida, ele disse que o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, Arthur Lira (PP-AL), terá dificuldades de cumprir essa promessa, já que seria um valor inexequível para o Orçamento previsto para 2021.

"Pela conta que eu fiz, e pelo orçamento que nós teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo junto com o seu candidato, vai dar pelo menos uns R$ 20 bilhões de emendas extraorçamentárias. Eu quero saber em que orçamento para o ano de 2021, com todo o problema do teto de gastos, (terá espaço). (Como) eles poderão cumprir, se vitoriosos, essa promessa?", questionou Maia.

Em entrevista coletiva, o presidente da Câmara se referia à verba que é paga por ministérios a municípios, cujo montante é indicado por parlamentares em um cadastro. O governo já usou esse tipo de repasse durante negociações para aprovação de matérias no Congresso. Maia apoia a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP).

"Acho que, a cada dia que passa, as pessoas vão vendo que vão acabar sendo enganadas nesse toma lá, dá cá. Agora, desde o início de janeiro, abriram o cadastro em três ministérios. Dois, é natural: Turismo e Agricultura. Mas MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional)? Nunca abriu cadastro em janeiro. Então, está se abrindo o cadastro para se gerar uma expectativa que, do meu ponto de vista, que conheço o orçamento público, das projeções para este orçamento, vai ser muito difícil de cumprir."

Por conta das pressões do governo para virar votos , Maia chegou discutir por telefone com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O presidente da Câmara qualificou a relação como um "toma lá, da cá", diferente do que ocorreu em outros governos.

"Há diferença. Uma coisa é a formação de uma base que, com ela, você governa com os partidos que fazem parte dessa base. A outra coisa é você ser minoria na Câmara e, no processo eleitoral, tentar construir uma maioria baseado na troca de cargos e emendas. São coisas diferentes."

Maia enfatizou ainda que trata-se de uma promessa fictícia .

"Além do toma lá, dá cá, é uma peça de ficção. Você achar que o parlamento vai estar disposto a isso... O parlamento sempre está disposto a participar do governo, a liberar seus recursos para suas bases, mas para quem participa do governo. Da forma que quer formar maioria aqui, acho que não vai dar certo. Vencendo ou perdendo, não vai dar certo, porque o ambiente dessas promessas... Do meu ponto de vista, não vai ser cumprida de forma nenhuma", afirmou.