Embaixador chinês se reúne com Maia e nega "obstáculo político" para importações
Brasil está tendo dificuldades para ter a liberação de insumos para a produção nacional de doses da CoronaVac
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (20) que foi informado pelo embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, que o atraso na importação de insumos para a produção de vacinas não foi causado por "obstáculos políticos", mas por problemas de ordem técnica.
De acordo com Maia, Wanming disse que trabalharia para acelerar o processo de liberação de substâncias essenciais para a produção dos imunizantes no Brasil. Tanto a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan , quanto a vacina de Oxford/Astrazenica , que será produzida pela Fiocruz , necessitam de matéria-prima daquele país.
"[O embaixador] disse claramente que não havia obstáculo político, e sim problema técnico", disse Maia ao comentar os assuntos tratados na reunião com o diplomata chinês, em entrevista à GloboNews .
Segundo Maia, o diplomata elogiou a parceria da Sinovac Biotech com o Instituto Butantan, além de ressaltar a histórica boa relação do Brasil com a China.
"Ele [embaixador] abriu a conversa já relatando que, de forma nenhuma, haveria obstáculos políticos para a exportação dos insumos da China", relatou Maia. "Ele disse que trabalha junto ao governo chinês para que possa acelerar a exportação, no caso a nossa importação desses insumos, para que possamos restabelecer a nossa produção. Então, a reunião foi muito positiva", completou.
O presidente da Câmara disse que não entrou em detalhes sobre a data em que poderia haver a liberação dos insumos. Porém, afirmou que a "impressão" é que o governo chinês vai acelerar a exportação.
Desde que assumiu o mandato, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos promovem publicamente ataques à China. Perguntado se isso seria um empecilho para a exportação de insumos, Maia respondeu que "isso ficou claro: a China não vai retaliar o Instituto Butantan ou a Fiocruz".
Apesar da crise sanitária, o presidente da Câmara disse que o governo federal, segundo as informações que obteve, não entrou em contato com a Embaixada da China para resolver a situação.
"Na conversa hoje, não (conversei sobre o assunto com o embaixador), mas as informações que eu tenho da embaixada é que de fato não houve nenhum tipo de diálogo entre o governo federal e a embaixada chinesa. Essa informação, infelizmente, faz sentido. Infelizmente, a questão ideológica tem prevalecido em relação à importância de salvar vidas no Brasil".