Empresário, que confessou corrupção na Saúde, falará em processo contra Witzel

Edson Torres só foi localizado na quarta tentativa; tribunal misto de impeachment determinou busca em sistemas de informação

Foto: Reprodução/TV Globo
O empresário e pastor Edson Torres, que confessou participação em desvios na Saúde do Rio


O empresário Edson Torres, que confessou ter participado dos esquemas de corrupção na Saúde do Rio, foi intimado nesta sexta-feira (08) para depor no processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel

O tribunal misto que julga o impeachment do governador afastado Wilson Witzel não tinha conseguido localizar Torres, que acabou sendo encontrado na quarta tentativa.

Ele foi localizado após o presidente do tribunal misto de impeachment e do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), desembargador Claudio de Mello Tavares, ter determinado buscas por endereços ligados ao empresário em sistemas de informações ligados à Justiça, Segurança Pública e concessionárias de serviços públicos.

O pedido havia sido feito pelo relator do processo, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), autor do pedido de depoimento de Edson Torres, classificado por ele como testemunha-chave . "Ele era o principal assessor do Pastor Everaldo, fazia as articulações políticas pessoalmente sob suas diretrizes", afirmou Waldeck.

O empresário e pastor Edson Torres procurou o Ministério Público Federal (MPF) no início de setembro, após a deflagração da Operação Tris in Idem, que culminou no afastamento do governador, para explicar como funcionava o esquema de corrupção . O depoimento embasou uma das denúncias apresentadas pelos procuradores contra Witzel no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo Torres, o grupo de Pastor Everaldo teria montado uma "caixinha da propina" que, entre janeiro de 2019 e julho de 2020 teria arrecadado vantagens indevidas no valor de aproximadamente R$ 50 milhões . O empresário contou que a propina era sempre exigida em espécie.

Depoimento na quarta-feira

O depoimento do empresário será realizado na próxima quarta-feira (13), quando os integrantes do tribunal misto ouvem ainda o o advogado Valter Pires Rebelo, ex-assessor de Witzel alvo de buscas na Operação Tris in Idem.

Na sessão também será analisado um embargo de declaração apresentado pela defesa de Wilson Witzel. No recurso, os advogados questionam suspensão da contagem do prazo para a conclusão do processo, que terminaria no início de maio.

A decisão do tribunal foi tomada no dia 28 de dezembro, com base numa liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que cancelou o depoimento de Witzel até que a delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos se torne pública.

Os advogados de Witzel, no entanto, questionam a suspensão e afirmam que ela contraria a Constituição, que estabelece em 180 dias o tempo máximo de afastamento do governador durante o rito de impeachment. Caso o processo não seja concluído no prazo, Witzel pode retornar ao cargo.

Além de Waldeck, fazem parte do tribunal misto os deputados Alexandre Freitas (Novo), Chico Machado (PSD), Carlos Macedo (Republicanos) e Dani Monteiro (PSOL). Pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) fazem parte os desembargadores Fernando Foch de Lemos, Inês da Trindade Chaves de Melo, José Carlos Maldonado, Maria da Glória Oliveira Bandeira de Mello e Teresa de Andrade Castro Neves. O grupo é presidido pelo desembargador Cláudio de Mello Tavares, que também preside o TJ-RJ.