PT adia para janeiro decisão sobre apoio a Baleia Rossi à presidência da Câmara
Parte da bancada petista ainda insiste em candidatura própria para o comando da Casa
Sem consenso para formalizar o apoio a Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa à presidência da Câmara, o PT decidiu adiar para janeiro qualquer definição partidária sobre o assunto. Nesta terça-feira (29), em reunião da bancada, parlamentares discordaram sobre a estratégia para a eleição que ocorrerá em fevereiro.
Parte dos petistas defende uma candidatura de esquerda que possa unir a oposição, enquanto outra quer uma aliança com o emedebista. A intenção do segundo grupo é evitar riscos e escolher um nome mais seguro para derrotar o candidato de Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL).
Segundo o líder do PT, Enio Verri (PR), os petistas terão novas reuniões com o grupo de partidos de oposição e o próprio Baleia Rossi antes de o martelo ser batido. Na segunda-feira (28), Rossi participou de uma reunião virtual com líderes e presidentes de PT, PCdoB, PDT e PSB.
Após o encontro, as legendas de esquerda divulgaram uma carta em que trataram dos compromissos assumidos pelo deputado do MDB. Eles pediram ao candidato que sejam preservados os instrumentos de fiscalização e ação da oposição contra o governo. A nova reunião com Rossi vai acontecer na próxima segunda-feira (4).
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Os petistas concordam em participar do bloco de partidos formado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rossi, mas ainda não se comprometeram a apoiar o emedebista à presidência. Petistas ainda resistem a colaborar com o partido do ex-presidente Michel Temer, que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff.
"Foi boa a reunião da bancada do PT. Nós temos sempre construído as decisões da bancada com consenso. Isso tem dado muito certo. Há um ano não poderíamos sonhar em formar bloco com DEM e MDB. Estamos construindo. A bancada não está dividia em relação ao bloco. Mas a divergência na bancada é sobre a presidência. Tem um setor que defende a candidatura própria da oposição, para mantê-la unificada. Lá na frente poderia ter um acordo, se o Baleia estiver bem, para retirar a candidatura. Ou para seguir com ele em segundo turno. E há outro setor que apoia o Baleia de pronto para derrotar o projeto de Bolsonaro. Para essa parte, esse apoio de imediato seria melhor", resumiu Enio Verri.
Hoje, o grupo de Maia e Baleia Rossi tem onze partidos, com 281 deputados. O de Arthur Lira (PP-AL) tem nove partidos, com 181 parlamentares. Na oposição, um dos alvos do assédio de Arthur Lira é o PSB. O líder da sigla, Alessandro Molon (RJ), aposta num alinhamento com o grupo de Maia. Mas o deputado Felipe Carreras (PE) garante que a maior parte dos integrantes da deseja apoiar Lira. Se essa maioria for formalizada em janeiro, o PSB poderia trocar de lado.
O PSL também está rachado, pois deputados bolsonaristas aderiram à candidatura apoiada pelo Planalto. E mesmo na legenda de Maia há desentendimentos, com parte da bancada querendo vincular o apoio a Baleia Rossi a uma retirada de candidatura do MDB no Senado em prol de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).