14 cidades brasileiras serão administradas por prefeitos ou vices indígenas
As eleições municipais deste ano registraram recorde de candidaturas de indígenas na história
Por Agência O Globo | | Agência O Globo - |
Ao menos 14 cidades brasileiras serão administradas por prefeitos ou vice-prefeitos indígenas eleitos na disputa do último domingo. Outras 88 terão ao menos um vereador índio. As eleições municipais de 2020 tiveram o maior número de candidaturas indígenas da História
: foram 2.217 candidatos nos 5.568 municípios do país — um aumento de 27% em relação a 2016. Os dados são da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Em 2016 , o número de prefeitos indígenas eleitos foi 6 . O aumento reflete a quantidade de candidaturas indígenas nas eleições municipais de 2020, a maior da História. Foram 2.217 candidatos a vereador e a prefeito nos 5.568 municípios — um aumento de 27% em relação ao último pleito.
No entanto, apenas 6% desses candidatos se elegeram este ano. Um baixo nível de elegibilidade, decorrente da falta de visibilidade e da dificuldade de acesso aos recursos partidários.
De todos os indígenas eleitos
, 145 foram votados para o cargo de vereador
, oito para o cargo de prefeito e seis para o cargo de vice
-prefeito, segundo a Campanha Indígena, uma iniciativa da Apib para promover candidaturas de índios.
Das oito cidades que terão indígenas na chefia do Executivo, três ficam no Nordeste, três no Norte e uma no Sudeste. Uma candidatura sub judice numa cidade do Pernambuco pode dar ao Nordeste seu quarto prefeito indígena, totalizando oito pelo Brasil.
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Em Pariconha, Alagoas, Tony de Campinhos (PP) teve 61% dos votos válidos. Em Marcação, Paraíba, a candidata Lili (DEM) se elegeu com 54%. No município de Entre Rios, Bahia, Manoelito Argolo Junior (Solidariedade) teve 44%. Em Pesqueira, Pernambuco, o candidato Cacique Marquinhos (Republicanos) conquistou 51% dos votos, mas teve a candidatura impugnada e busca na Justiça o exercício do mandato. Com três eleitos e uma candidatura sub judice, o Nordeste poderá ter o maior número de prefeitos indígenas do Brasil durante os próximos quatro anos.
Em Roraima, Dr. Raposo (PSD) se elegeu prefeito da cidade de Normandia com 24% dos votos, e Tuxaua Benisio (Rede) venceu a corrida em Uiramutã com 42%. No Acre, Isaac Piyako (PSD) levou a prefeitura de Marechal Thaumaturgo com 53%.
No Sudeste, apenas uma cidade elegeu um prefeito indígena no primeiro turno. Em São João das Missões, Minas Gerais, Jair Xakriabá (Republicanos) ficou com 54% dos votos.
Todos os municípios mencionados têm menos de 200 mil habitantes, portanto em nenhum houve segundo turno.
O efeito da pandemia
"O aumento da população indígena na participação das eleições municipais é concomitante ao aumento dos ataques aos seus direitos, em meio a pandemia de Covid-19", diz a Apib.
Para Dinaman Tuxá, coordenador executivo da organização, mais indígenas passaram a se interessar por política institucional em virtude de uma crescente necessidade de representação e de defesa a direitos. Segundo ele, “a pauta comum entre todos candidatos que é a retomada da demarcação dos territórios indígenas, ainda que tenham pontos de vista políticos distintos e sejam filiados a partidos diversos”.