Candidata à prefeitura de Recife, a delegada Patrícia Domingos (Podemos) entrou em rota de colisão com o Cidadania, partido de seu vice Leo Salazar, após aderir ao presidente Jair Bolsonaro faltando uma semana para o primeiro turno. Patrícia comemorou em suas redes sociais, neste sábado, uma declaração de apoio de Bolsonaro, feita pelo presidente em live na última quinta-feira .
A delegada vinha evitando se associar ao presidente e chegou a declarar, há um mês, que candidatos em busca do apoio de Bolsonaro tinham "DNA negativo". A aproximação a Bolsonaro ocorre após a candidata patinar nas pesquisas: no último levantamento do Datafolha, divulgado na semana passada, ela oscilou negativamente de 16% para 14%, ficando mais distante de uma vaga no segundo turno.
Em nota divulgada neste sábado, o presidente nacional do Cidadania , Roberto Freire, ex-deputado por Pernambuco, afirmou que o apoio de Bolsonaro, classificado como "um obscurantista e negacionista" no comunicado, é "incompatível com os valores e princípios" do partido. A nota "torna público o afastamento do partido da campanha", e diz que "não adotará medidas mais drásticas para não prejudicar direitos garantidos aos seus candidatos proporcionais em convenção"
"O apoio é, além de tudo, pouco inteligente. Basta ver o que está ocorrendo com os candidatos apoiados e identificados com Bolsonaro. Enquanto uns buscam se associar a ideias retrógradas, preconceituosas, antidemocráticas e anticientíficas, nós abraçamos a ciência, a democracia, a liberdade de expressão, a diversidade e os direitos humanos", afirma o comunicado do Cidadania.
Na live de quinta-feira, Bolsonaro declarou que Patrícia era a candidata "mais afinada" a ele com possibilidade de disputar o segundo turno na capital pernambucana.
"Nós temos potencial para mudar a política de Recife. O apelo que eu faço a vocês todos que gostam de mim, que me apoiam: vote na delegada Patrícia para a prefeitura de Recife. É a pessoa que tem mais chance de chegar que está mais afinada conosco", afirmou Bolsonaro .
Delegada Patrícia chegou a crescer cinco pontos em outubro, segundo o Datafolha, e ocupou a terceira colocação nas intenções de voto. Ela chegou a estar tecnicamente empatada com Marília Arraes (PT), segunda colocada, com apenas dois pontos de diferença. Nas últimas semanas, contudo, vieram à tona publicações feitas pela delegada em um perfil pessoal nas redes sociais, em 2011, nas quais chamava a cidade de "Recífilis". As publicações foram feitas numa época em que Patrícia, que nasceu no Rio, passou a trabalhar como delagada em Recife.
Embora tenha oscilado dentro da margem de erro no último Datafolha , a rejeição a Patrícia mais do que dobrou em relação ao levantamento anterior, feito antes de as publicações virem à tona, e passou de 15% para 35%. Com isso, a delegada passou a ser a candidata mais rejeitada pelos eleitores, segundo o Datafolha.
No início do ano, ao lançar sua pré-candidatura, a delegada chegou a afirmar que "seria um prazer" ter o apoio do ex-ministro Sergio Moro, e disse ter "admiração" por seu trabalho. Moro rompeu com o governo Bolsonaro em abril, quando foi exonerado do ministério da Justiça denunciando tentativas de interferência do presidente na Polícia Federal.