Amizade "Collorida": antes "sem moral", agora Collor recebe elogios de Bolsonaro
Criticado no passado pelo atual presidente, senador foi chamado de "homem que luta pelos interesses do país" durante cerimônia em Alagoas
Por Agência O Globo |
Em mais um gesto simbólico de aproximação à chamada “velha política”, Jair Bolsonaro fez, nesta quinta-feira, dia 5 de novembro, elogios ao senador Fernando Collor (PROS-AL) , ex-presidente que sofreu processo de impeachment por acusação de corrupção e é reu no âmbito da Operação Lava-Jato.
"Queria agradecer, porque eu fiz um convite e ele aceitou, e com muita satisfação está integrando essa comitiva, o nosso senador Fernando Collor. Também um homem que luta pelo interesse do Brasil e em especial do seu estado", discursou Bolsonaro .
Bolsonaro, no entanto, tem um histórico de ataques verbais a Collor , especialmente no período em que o hoje senador era presidente . Em novembro de 1991, por exemplo, Bolsonaro acusou Collor de não cumprir promessas que tinha feito na campanha eleitoral para militares e disse que ele não era uma pessoa “digna” de ser presidente. Três meses depois, o chamou de “grande mentiroso”.
"Aprendi, na caserna, que o Chefe que mente não merece credibilidade. E o Sr. Presidente da República, Chefe do Supremo das Forças Armadas, não deixa de ser um grande mentiroso", disse Bolsonaro, na época.
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Em setembro de 1992, quando já estava em curso o processo de impeachment contra Collor, Bolsonaro afirmou que ele impunha “grande sacrifício” à população. Descreveu Collor como alguém “sem moral” para comandar o país: "luto com todas as minhas forças para tirar o Presidente que aí está, sem moral para governar o país".
Cerimônia em Alagoas
Os elogios, nesta quinta-feira, de Bolsonaro a Collor, ocorreram durante a cerimônia de entrega de uma obra em Piranhas, no interior de Alagoas. Collor é réu em uma ação penal do Supremo Tribunal Federal ( STF ), acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o grupo de Collor recebeu mais de R$ 29 milhões em propina entre 2010 e 2014, em razão de contratos de troca de bandeira de postos de combustível celebrados com a BR Distribuidora. Ele nega.
Outro réu na operação foi elogiado pelo presidente. O deputado Arthur Lira (PP-AL), um dos principais aliados de Bolsonaro no Congresso, não participou do evento porque foi diagnosticado com Covid-19, mas foi lembrado como alguém “sempre alerta a trabalhar pelo seu estado”.
"Falta uma pessoa muito importante na nossa articulação política na Câmara dos Deputados, que é um alagoano. É o prezado deputado Arthur Lira. Mais do que fazer articulação, é uma pessoa sempre pronta, sempre alerta a trabalhar pelo seu estado", disse.
Lira é o principal nome do centrão da Câmara e virou uma espécie de “líder informal” de Bolsonaro na Casa. A aproximação do presidente com o grupo começou no primeiro semestre como reação a pedidos de impeachment . Desde então, Bolsonaro vem se cercando de políticos acusados de corrupção, incluído na lista o ex-presidente Michel Temer, a quem fazia críticas no passado recente.