"Diálogo zero", garante Bolsonaro sobre possibilidade de conversar com Doria

Presidente explicou que governador de São Paulo distorceu o posicionamento do ministro Eduardo Pazuello sobre a compra das 46 milhões de doses da CoronaVac


Governador João Doria (PSDB) ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Governador João Doria (PSDB) ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)



O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) garantiu que não há nenhuma possibilidade de conversar com o governador João Doria. "Diálogo zero", afirmou. 

"Eu não converso com uma pessoa que usou meu nome nas eleições e poucos meses depois começou a me atacar visando me desgastar e assim atrapalhar a politica brasileira. Tudo isso pensando nas futuras eleições, não dá para conversar com esse tipo de gente que não tem qualquer responsabilidade com a vida do próximo", declarou o presidente.

A declaração foi feita durante visita às instalações do Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP) em Iperó (a 126 km da capital paulista). Ele estava acompanhado pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Questionado pela imprensa sobre o imbróglio da compra da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o presidente acusou o governador de São Paulo de distorcer a fala do ministro Eduardo Pazuello. 

No fim da manhã de hoje, ainda durante a entrevista aos jornalistas, Bolsonaro disse que mandou cancelar o protocolo de intenções da compra da CoronaVac. "Não abro mão da minha autoridade", afirmou o presidente. 

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"E o Doria acabando a videoconferência correu para a imprensa para falar que ele havia assinado um protocolo para aquisição de vacina chinesa. Essas são as palavras dele. Inclusive tem um vídeo do senhor João Doria, em que ele diz que obrigaria os 40 milhões de habitantes de São Paulo a se vacinar, atitude autoritária que dispensa comentários", acrescentou Bolsonaro. 

Ele garantiu que nenhuma vacina será "comprada" antes da comprovação científica por parte das autoridades de Saúde do governo e da Anvisa. "Destinamos recursos para a Oxford, não para comprar a vacina apenas, mas para participar da pesquisa e com uma cota de quantidade de vacina para nós. Nada será despendido agora para comprarmos uma vacina chinesa que eu desconheço, mas parece que nenhum país do mundo esta interessada nela", disse. 

O presidente destacou que está "perfeitamente afinado com o Ministério da Saúde trabalhando em busca de uma vacina confiável, nada mais além disso".

"Fora disso, é tudo jogo politico desse governador que parece que só sabe fazer isso. Parece que é a ultima cartada dele em busca de popularidade ou resgatar tudo que ele perdeu durante a pandemia", acusou Bolsonaro ao se referir ao João Doria.

O anúncio do governo federal, de intenção de compra, foi feito depois de uma reunião do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com os 27 governadores, também na terça-feira. O ministro afirmou que a pasta enviou uma carta ao Instituto Butantan, em São Paulo, na qual se comprometia a adquirir as vacinas fabricadas pelo instituto até o início de janeiro.

O Butantan tem um contrato com a Sinovac de fornecimento de doses e de transferência de tecnologia da CoronaVac.

Foto: Foto: Reprodução/Governo Federal
Ofício enviado ao Butantan

As declarações do presidente vão na contramão de uma nota divulgada na terça-feira (20) pelo próprio Ministério da Saúde, que anunciava a intenção de compra. 
O texto previa, inclusive, a edição de uma medida provisória para disponibilizar R$ 1,9 bilhão para a aquisição (leia um trecho abaixo).

"Além das vacinas já adquiridas previamente (AtraZeneca e Covax), o Governo Federal assinou protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da Butantan-Sinovac, após negociações com o Instituto Butantan. Para tanto, será editada uma nova Medida Provisória para disponibilizar crédito orçamentário de R$ 1,9 bilhão. O Ministério da Saúde já havia anunciado, também, o investimento de R$80 milhões para ampliação da estrutura do Butantan – o que auxiliará na produção da vacina", diz o texto de terça-feira.

O impasse entre Doria e Bolsonaro começou na manhã de hoje, quando o presidente disse em redes sociais que o governo não compraria vacinas de origem chinesa. O ministério da Saúde negocia com o governo Doria o financiamento para produção de 46 milhões de doses da vacina chinesa, em São Paulo. 

Atualmente, o Brasil tem quatro testes de vacinas em andamento. Além da Sinovac, há uma desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, e que será produzida pela Fiocruz. A Anvisa também já deu aval a estudos clínicos de uma vacina em desenvolvimento pela Pfizer e de outra da Janssen, braço farmacêutico da Johnson&Johnson.