Bolsonaro rebate seguidores e defende indicação de Kassio Marques ao STF

De lagosta no menu do STF e colecionador de arma, presidente responde aos seguidores

Bolsonaro rebate seguidores e defende indicação de Kassio Marques ao STF
Foto: Reprodução
Bolsonaro rebate seguidores e defende indicação de Kassio Marques ao STF

O presidente Jair Bolsonaro tirou a manhã deste domingo para rebater críticas de seus apoiadores, nas redes sociais, à indicação do desembargador  Kassio Marques para a vaga que será deixada pelo ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF).

A liberação para uma licitação do STF que previa a compra de alimentos como lagostas e vinhos caros, a suposta proximidade ao PT, a pecha de “desarmamentista” atribuída ao desembargador e o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são algumas das críticas nas redes sociais do presidente. Bolsonaro respondeu algumas dessas mensagens.

“Baseado em que fato concreto você critica o desembargador Kassio Nunes?”, questiona Bolsonaro a quem pediu para ele rever a indicação. “Você não procurou fontes sobre todas essas acusações”, disse o presidente para outros dois apoiadores.

Um seguidor citou o episódio das lagostas, classificando a indicação como “péssima escolha” e afirmando: “Está criando cobras que lhe darão o bote!!!!”. Bolsonaro respondeu em seguida: “aguarde, outra mentira”.


Em maio do ano passado, o desembargador Kassio Marques proferiu uma decisão liberando uma licitação do STF que previa a compra de alimentos como lagostas e vinhos caros. A compra havia sido derrubada por uma juíza federal, mas Marques cassou a decisão dela e apontou não ver irregularidades na licitação.

Apoiadores do presidente também reclamaram de supostas preferências “desarmamentistas” de Marques. Na conversa, um usuário da rede social questionou a Bolsonaro se era verdade que Marques é um “CAC”, como são conhecidos Colecionadores, Atiradores e Caçadores esportivos. Esse apoiador pergunta ainda se isso pode “nos ajudar nos processos de posse e porte”.

Bolsonaro responde: “Ele é CAC, mas tem uma outra mentira sobre ele nesse assunto que explicarei até amanhã”.

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O presidente também defende Marques pela sua participação na decisão de suspender a ordem de primeira instância para extradição do terrorista italiano Cesare Battisti. O desembargador votou com os outros colegas da turma em favor da suspensão da extradição.

Segundo Bolsonaro, Marques “participou de julgamento que tratou exclusivamente de matéria processual e não emitiu nenhuma opinião ou voto sobre a extradição”.

Marques foi indicado desembargador federal pela então presidente Dilma Rousseff, em 2011, após ter sido o mais votado em lista tríplice da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para um apoiador do presidente, há “proximidade do desembargador com o PT”.

Bolsonaro tenta minimizar essa relação: “Você sabe quantos ministros e secretários meus já trabalharam nos governos do PT? Você acha que eu deveria demitir o Tarcísio?”.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um dos auxiliares do presidente mais festejados pelos apoiadores do governo nas redes sociais, trabalhou em governos petistas e foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante o governo Dilma.

Para um seguidor que pediu a indicação do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins Filho, Bolsonaro afirmou que “tinha vários bons candidatos e apenas uma vaga”.

E aproveitou, em outra resposta, para citar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que saiu do governo acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal e já foi apontado como principal candidato para a vaga no STF: “há pouco tempo exigiam para que indicasse o Moro......”

Em resposta a um apoiador que defendeu a indicação de Marques, Bolsonaro disse que seus seguidores entenderão a escolha: “Realmente tivemos uma grande vitória no STF. Um abraço”.

Além da indicação de Marques, Bolsonaro foi questionado sobre a visita dele no sábado à casa do ministro do STF Dias Toffoli, com a presença de Davi Alcolumbre. Bolsonaro respondeu: “Preciso governar. Converso com todos em Brasília. Um abraço”.