Blogueiro investigado sugeriu golpe em mensagens com assessor de Bolsonaro

De acordo com investigação da Polícia Federal, Allan dos Santos teria afirmado que "as forças armadas precisam entrar"

Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos
Foto: Reprodução/Youtube
Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos

Mensagens obtidas pela Polícia Federal e utilizada para confrontar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, da Ajudândia de Ordem da Presidência e assessor do presidente Jair Bolsonaro, mostra que o blogueiro Allan dos Santos teria dito ao assessor que "as forças armadas precisam entrar urgentemente".

Allan é investigado em dois inquéritos no STF: um deles apura ameaças, ofensas e fake news contra a Corte e outro investiga o financiamento de atos antidemocráticos em Brasília. A mensagem, obtida pelo Estadão, entra em conflito com o depoimento do assessor, que afirmou "não se recordar de ter estabelecido conversas" com o Allan dos Santos.

Mauro Cid também negou apoiar a interveção das forças armadas e reforçou que conversas com o blogueiro não eram frequentes. A mensagem teria sido enviada ao assessor em maio, um dia depois de protestos de grupos antifascistas no país.

Segundo a Polícia Federal, Allan enviou, por whatsapp, uma reportagem sobre os protestos. Após visualizar, o militar respondeu ‘Grupos guerrilheiros/terroristas. Estamos voltando para 68, mas agora com apoio da mídia’.

Allan dos Santos replicou: ‘As FFAA (Forças Armadas) precisam ENTRAR URGENTEMENTE’, ao que o tenente-coronel respondeu com um ‘Opa!’. À PF, de acordo com o Estadão, Mauro Cid disse que o seu ‘Opa!’ era apenas uma saudação.

Em uma mensagem anterior, no dia 26 de abril, Allan dos Santos afirmou que "não via soluções por vias democráticas", provavelmente em comentário à crise enfrentada pelo governo federal após a saída do então ministro Sérgio Moro.

Em depoimento à Polícia Federal, o assessor do presidente negou que Bolsonaro concorde com as opiniões do blogueiro e também negou a existência de um "gabinete do ódio" no Planalto.