Márcio França lança candidatura com ironias a Doria e defesa de diálogo com Bolsonaro
Governo do Estado de São Paulo
Márcio França lança candidatura com ironias a Doria e defesa de diálogo com Bolsonaro


O Partido Socialista Brasileiro confirmou nesta sexta-feira a candidatura do ex-governador de São Paulo, Márcio França , para a prefeitura.

Em um discurso marcado por ataques ao atual governador, João Doria (PSDB), França também procurou reafirmar uma posição de independência em relação a Jair Bolsonaro , mas reforçou diferenças ideológicas com o presidente.

Irritou aliados

Segundo ele, a eleição na capital paulista pode servir de exemplo para o país de que posições antagônicas podem conviver. Em agosto, o encontro de França e Bolsonaro em uma visita do presidente ao litoral irritou aliados do ex-governador.

O maior alvo de críticas, entretanto, foi o atual governador, João Doria.

Internamente, a chapa considera que assumir a posição de anti-Doria é um dos caminhos para chegar ao segundo turno. Com isso, espera não apenas atrair os votos de eleitores mais à esquerda, como também de bolsonaristas, em razão da crescente tensão entre o presidente e o tucano.

Próximo: o vice

Nesta quinta-feira, França acertou o apoio do Solidariedade, que desistiu de apoiar Bruno Covas. O PDT e o Avante também deverão apoiar o candidato. Neste sábado, Antonio Neto, do PDT, será anunciado como o vice.

Atual prefeito, Bruno Covas foi apresentado por Márcio França como uma espécie de marionete do governador João Doria. No discurso realizado na Câmara Municipal, França lembrou que Covas é amigo de seu filho, Caio, mas insinuou que Doria comanda as ações de Covas na prefeitura.

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"Comigo, não vai fazer. Claro, ele é o governador de São Paulo. Se eu ganhar aqui, vamos falar com ele, de prefeito para governador. Porque o prefeito não é menos que governador, governador não é menos que presidente, prefeito não é menos que o presidente. O Bolsonaro é o presidente? Nós vamos falar com o Bolsonaro. Mas cada um no seu quadrado. Aqui em São Paulo, nenhum dos dois mandam. Quem manda é o povo de São Paulo, que está acostumado a liderar, a conduzir", afirmou França.

França também insinuou que o PSDB usará outros candidatos para contrapor a sua candidatura. Uma delas, segundo ele, é a deputada federal Joice Hasselmann (PSL).

— É claro que eles próprios não vão falar. Vão botar umas línguas de aluguel, aqueles bonecos de ventríloquo. Vão ajudar alguns candidatos e eles vão fazer o papel de ficar brigando com a gente — afirmou.

O socialista lembrou que Hasselmann foi obrigada pela Justiça a retirar uma publicação de suas redes sociais contra França.

— Ela resolveu, do nada, me xingar. Do nada não foi, né? É claro, ela está sob orientação espiritual de alguma coisa passando ali perto do Morumbi — disse em referência ao bairro onde fica o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

O socialista adotou um tom de forte apelo social, prometendo resolver questões antigas da cidade, como a Cracolândia, assim como impasses recentes, como a da Cinemateca, que está fechada em razão das dificuldades do governo federal em administrar o órgão. França prometeu que, se for eleito, irá tomar posse na Cinemateca às 00h01 do dia 1 de janeiro.

Segundo o candidato, os efeitos do novo coronavírus na economia ainda não chegaram. O ex-governador destacou que a situação do comércio e das famílias poderá piorar a partir de 2021, quando acabar o auxílio emergencial distribuído pelo governo federal.

— Precisamos de maneira emergencial para essas quase 3 milhões de pessoas que estão vivendo com R$ 600 em São Paulo. O que será dessa gente em janeiro? Qual foi o plano que eles pensaram para depois de janeiro? Qual o plano para as crianças que estão um ano sem estudar? Para 125 mil pessoas esperando uma consulta de traumatologia — afirmou França.

França também se apresentou como um candidato capaz de mostrar a capacidade de convivência entre forças políticas antagônicas.

— Se nós tivermos a chance de poder fazer esse movimento em São Paulo, certamente a gente ajuda a mudar o Brasil. O fato de eu ser de um jeito e outro do outro não quer dizer que você é inimigo e você me respeita por isso e eu te respeito por isso — afirmou.

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