Bolsonaro diz que está se aproximando cada vez mais de membros do Judiciário
Declaração foi dada pouco antes do ministro Celso de Mello determinar que presidente terá que depor presencialmente no inquérito que investiga interferências na PF
Por Agência O Globo |
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que está "se aproximando cada vez mais do Judiciário". A declaração foi dada durante visita às obras da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), em São Desidério (BA), pouco antes de o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que Bolsonaro deve prestar depoimento presencialmente, no inquérito que investiga eventuais interferências na Polícia Federal.
O presidente foi à Bahia na manhã de hoje acompanhado de três deputados federais baianos — Zé Rocha (PL), o João Roma (Republicanos) e o Dr. João (Pros) —, além dos ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
Segundo o presidente, a presença dos parlamentares na cerimônia demonstra "que há uma perfeita sincronia entre o Executivo e grande parte do Parlamento brasileiro".
"Assim como, aos poucos, estamos nos aproximando cada vez mais das autoridades do Judiciário", disse.
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Ainda na manhã de hoje, foi divulgada a decisão de Celso de Mello que negou ao presidente Jair Bolsonaro a possibilidade de prestar depoimento por escrito no âmbito do inquérito que investiga as acusações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de que o chefe do Executivo teria tentado interferir na Polícia Federal. Com isso, Bolsonaro terá que ser ouvido pessoalmente.
Segundo o ministro, Bolsonaro não conta com a prerrogativa de deixar de comparecer pessoalmente quando for chamado a falar porque é investigado no caso, e não testemunha ou vítima. Além disso, o ministro determinou que Moro tem o direito de participar do interrogatório e formular perguntas por meio de seus advogados.
Na quinta-feira, o ministro Luiz Fux assimiu a presidência do STF defendendo harmonia entre Poderes sem "subserviência". A fala atende a uma demanda interna de ministros da Corte que se sentiram incomodados com a relação considerada próxima demais entre o atual presidente do Supremo, Dias Toffoli, e o presidente Jair Bolsonaro.
"Meu norte será a lição mais elementar que aprendi ao longo de décadas no exercício da Magistratura: a necessária deferência aos demais Poderes no âmbito de suas competências, combinada com a altivez e vigilância na tutela das liberdades públicas e dos direitos fundamentais. Afinal, o mandamento da harmonia entre os Poderes não se confunde com contemplação e subserviência ", disse Fux, completando:
"As nossas relações com os demais Poderes serão harmônicas, porém litúrgicas, consoante a essência do mandamento constitucional".