Caso Witzel: MP encontrou documentos rasgados em poder de investigados
Ministra do STJ disse que grupo tentou obstruir as investigações e citou 'indícios de vazamentos de informações sensíveis'
Por Agência O Globo |
02/09/2020 16:54:44O governador afastado Wilson Witzel e o grupo investigado no âmbito das operações que apuravam fraudes na Saúde do Rio chegaram a rasgar documentos para atrapalhar as investigações .
As informações constam no voto da ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que julga o afastamento do cargo . A quebra de sigilo telemático dos investigados também aponta para um possível vazamento de informações nocivo à apuração dos fatos.
"No dia das buscas e apreensões, realizadas no âmbito da operação, foram encontrados documentos rasgados com investigados , em clara tentativa de destruição de elementos úteis à apuração dos fatos", afirmou Laurita Vaz.
A ministra, que se colocou a favor da manutenção do afastamento de Witzel , baseou o voto, entre outros fatos, nos indícios de vazamentos de informações sensíveis às investigações.
"Há evidências de vazamentos de informaçõs sensíveis da investigação. Pois se constatou que 'os referidos foram informados da deflagração das operação a partir da quebra telemática nas conversas colhidas entre os investigados'", disse, citando um trecho do voto do relator, o ministro Benedito Gonçalves.
Laurita Vaz prosseguiu com o voto defendendo a contemporaneirade dos fatos, ocorridos durante o mandato de Witzel, e voltou a sustentar que o afastamento do governador foi necessário para cessar o esquema de corrupção do Governo do Rio.
"Da decisão do ministro relator, extrai-se elementos que demonstram que a ordem pública estava vulnerada de modo a justificar medidas enérgicas para sustar as atividades supostamente criminosas", disse Laurita.
"Há fortes evidências do cometimento de crimes gravíssimos, envolvendo em primeiro plano supostamente o governador do estado e a primeira-dama, que, na condição de advogada, teria recebido entre agosto de 2019 e maio de 2020 mais de R$ 500 mil em repasses considerados ilícitos de empresas ligadas à prestação de serviços hospitalares, algumas de fachada e operadas por laranjas", declarou a ministra.