Em 20 anos, apenas dois governantes do Rio escaparam da cadeia; relembre nomes
Antes do afastamento do atual governador, estado viu Garotinho, Sergio Cabral e Pezão também se envolverem em escândalos
Por Agência O Globo |
O afastamento de Wilson Witzel do governo do Estado do Rio nesta sexta-feira (28) traz à tona o infeliz histórico político do Rio. Nos últimos quatro anos, cinco governadores chegaram a ser presos: Sérgio Cabral, Pezão, Moreira Franco, Rosinha Garotinho e Anthony Garotinho.
Nos últimos 20 anos, de todas as pessoas que governaram o Estado do Rio antes de Witzel , apenas Benedita da Silva (PT) — que assumiu em 2002, após Garotinho deixar o cargo para se candidatar à Presidência — e Francisco Dornelles — vice de Pezão, que ficou no cargo somente no fim de 2018, por pouco mais de um mês, até Witzel assumir em janeiro de 2019 — escaparam da cadeia.
Além deles, desde a redemocratização, no início dos anos 80, apenas um outro nome figura entre os governadores do Rio que ainda estão vivos e nunca foram presos: Nilo Batista, que substituiu Leonel Brizola em abril de 1994 quando este saiu do cargo para concorrer à Presidência.
Resumindo, como se tratam de três vices (Nilo, Benedita e Dornelles), todos os governadores do Rio eleitos efetivamente para seus cargos desde o início dos anos 80 e que ainda estão vivos já foram implicados em escândalos de corrupção.
Anthony Garotinho
Garotinho foi preso pela Polícia Federal em 16 de novembro de 2016, num desdobramento da Operação Chequinho, que investigava a compra de votos durante a eleição em Campos. Em 2017, o ex-governador foi condenado a nove anos e 11 meses de prisão. A Justiça determinou prisão domiciliar de Garotinho, e, semanas depois, a prisão foi revogada. Em 22 de novembro do mesmo ano, ele foi preso mais uma vez, junto com a mulher, Rosinha Garotinho. Ele foi solto depois de 29 dias.
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Em 3 de setembro de 2019, Garotinho teve outra passagem pela prisão, sob acusação de superfaturamento de contratos entre a Prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht , para a construção de casas populares durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita da cidade (2009/2016). Menos de 24 horas depois, a decisão foi revogada pelo desembargador Siro Darlan, plantonista do Tribunal de Justiça. No fim de outubro, o casal Garotinho foi novamente preso, mas, mais uma vez, deixaram a cadeia um dia depois. Desta vez, por decisão de Gilmar Mendes, do STF.
Rosinha Garotinho
Rosinha foi presa junto com o marido no dia 22 de novembro de 2017 na Operação Caixa d’Água, da Polícia Federal. Eles foram acusados, ao lado de outras seis pessoas, de integrar uma organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo de financiar as próprias campanhas eleitorais e a de aliados, inclusive mediante extorsão. Ela foi solta dias depois. Em setembro de 2019, assim como Garotinho, ela teve uma breve passagem pela prisão sob acusação de superfaturamento na Prefeitura de Campos. A ex-governadora foi solta pelo mesmo habeas corpus deferido por Siro Darlan. Depois, assim como o marido, ela voltou para a cadeia, mas saiu por decisão de Gilmar Mendes, mais uma vez, um dia depois.
Sérgio Cabral
Nesta semana, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral foi condenado a 11 anos e dez meses de prisão na Lava Jato. Foi a 14ª condenação dele na força-tarefa, totalizando penas que ultrapassam os 294 anos. Essa última sentença está relacionada à Operação C’est Fini, um dos desmembramentos da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Rio, que desbaratou um esquema de corrupção na gestão do ex-governador. Cabral, no entanto, já está preso desde 2016, acusado por investigadores da Operação Lava Jato de ser o mandante do complexo esquema criminoso.
Luiz Fernando Pezão
Pezão foi preso durante o exercício do mandato, em novembro de 2018, e solto por determinação do STJ . O ex-secretário de Obras de Sérgio Cabral e ex-governador responde em liberdade ao processo do qual é réu. As denúncias contra ele envolvem crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Pezão é acusado, junto a outras 14 pessoas — incluindo Sérgio Cabral, seu antecessor, e dois ex-secretários, também presos — de ter recebido vantagens indevidas que somam R$ 39,1 milhões, em valores atualizados.
Moreira Franco
Nome forte do MDB, Moreira Franco foi o último dos ex-governadores do Rio a ter passagem pela prisão por suspeita de corrupção. Em março de 2019, o Ministério Público Federal do Rio apresentou duas denúncias contra Moreira, apontado como operador de Michel Temer num esquema de propinas. Ele ficou quatro noites na cadeira, mas foi liberado após liminar do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).