MP aponta que F. Bolsonaro omitiu R$ 350 mil de compra de loja, diz jornal

De acordo com as investigações, Flávio e sua mulher, Fernanda Bolsonaro, omitiram a quantia de suas declarações de Imposto de Renda; promotores identificaram a omissão depois de cruzar os dados bancários e fiscais do casal

MP acredita que negócio foi usado para lavar dinheiro desviado da “rachadinha”
Foto: Pedro França/Agência Senado
MP acredita que negócio foi usado para lavar dinheiro desviado da “rachadinha”

O Ministério Público do Rio de Janeiro aponta que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a sua esposa, Fernanda Bolsonaro, omitiram R$ 350 mil das declarações do Imposto de Renda. O valor teria sido utilizado em gastos na compra de uma loja da rede de chocolates Kopenhagen adquirida com um amigo, Alexandre Santini. As informações são do jornal O Globo de hoje (16). 

Segundo o jornal, os promotores detectaram a falta da declaração desse dinheiro após cruzar dados bancários e fiscais de Flávio e Fernanda desde que as quebras de sigilo foram autorizadas pelo Tribunal de Justiça do Rio, em abril de 2019.

A loja é investigada no esquema de rachadinha do gabinete de Flávio quando deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) e volta à berlinda após revelação da TV Globo de que o antigo dono foi ameaçado após denunciar que os produtos estavam sendo vendidos com valores abaixo da tabela.

O senador justifica sua evolução financeira e patrimonial com os lucros dessa empresa. Para a Promotoria, a loja localizada em um shopping da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) lavou R$ 1,6 milhão, parte dessa quantia teria sido depositada na conta bancária da empresa entre 2015 e 2018 após supostamente ser recolhida pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, preso no Rio.

Segundo as investigações do MP, o dinheiro saía da loja para Flávio sob a forma de uma fictícia divisão de lucros, que desrespeitava a participação societária do senador e do sócio. A suspeita é de que suspeita que Santini seja um laranja.

Você viu?

"Créditos espúrios retornaram a Flávio Bolsonaro travestidos sob a forma de distribuições de lucros fictícios", afirmaram os promotores no pedido de buscas feito à Justiça no ano passado.

De acordo com O Globo, Flávio e Santini compraram a loja em contrato assinado em 11 de dezembro de 2014 por R$ 800 mil. Cada um ficou responsável por pagar uma metade - R$ 400 mil. Na declaração de Flávio à Receita Federal, os promotores identificaram um pagamento de R$ 50 mil para a empresa do antigo dono, que coincide com cheque emitido por Flávio como sinal.

Sua mulher, Fernanda, que não é sócia da loja, fez uma transferência eletrônica de R$ 350 mil para o antigo dono em 2 de fevereiro de 2015 e quitou o que seria a parte de Flávio. No entanto, esse pagamento não foi declarado no Imposto de Renda, diz O Globo.

Essa omissão teve o propósito de esconder uma transação não compatível com o histórico financeiro, diz o MP. Em depoimento sobre as omissões, Flávio Bolsonaro não teria explicado de forma totalmente convincente os pagamentos detectados e os valores declarados ou não, mostra a reportagem.

Fonte: O Globo