Witzel afirma que pediu para deputados ajudarem Bolsonaro
Governador seguiu o tom de conciliação com o governo federal e disse que momento é de união
Por Agência O Globo |
Em entrevista à Rádio Tupi, na manhã desta segunda-feira, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), seguiu no tom que tem adotado de conciliação com o governo federal após ser alvo da Operação Placebo, da Polícia Federal, em 26 de maio. Ele, que já trocou ofensas publicamente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - por quem foi chamado de estrume -, disse que o momento é de união entre os governos federal, estadual e municipal. Witzel responde a um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e na semana passada viu surgir um acordo - ainda não homologado - para delação premiada do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que está preso. O governador disse que não se preocupa com as acusações e que, assim como o povo, se sente lesado pela corrupção, porque pode "ter escolhido alguém que nos enganou".
Witzel frisou que "a política é feita de ajustes" e afirma que reuniu, no mês passado, como presidente de honra do PSC, a bancada do partido e pediu aos deputados que ajudassem Bolsonaro. E ainda elogiou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), contra que, no dia da Operação Placebo, disse haver provas e que deveria estar preso.
"Falei: vamos ajudar o presidente. É um momento de união. Nós fomos eleitos juntos. O senador Flávio Bolsonaro caminhou comigo no Estado do Rio de Janeiro. Ajudou o Estado do Rio de Janeiro no final do ano passado com aquele leilão que teve da cessão onerosa. Mais de um bilhão de reais vieram para o Rio de Janeiro. Eu solicitei aos nossos deputados federais que fizessem uma reunião com o presidente e colocassem o PSC à disposição do governo federal para estar na base do governo apoiando as políticas do governo federal", afirmou.
Em relação à pandemia do coronavírus, Witzel afirmou que o governo federal adotou as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Witzel — que foi crítico das decisões da União no início da pandemia — afirmou que a postura foi adotada seguindo o que pedia a OMS, apesar de críticas por parte de Bolsonaro:
"Nosso governo mantém um relacionamento institucional com a União e com o município. Em nenhum momento houve uma quebra de diálogo. A gente pode ter uma diferença aqui, acolá. Mas quero dizer o seguinte: o governo federal adotou a postura de acordo com a OMS. O presidente tem as críticas dele, que têm que ser respeitadas, mas o governo adotou a postura de seguir os orientações da OMS. Os governadores, da sua parte, também", disse.
'Surpresa' com Edmar
Na semana passada, foi noticiado o acordo, ainda não homologado, entre a Procuradoria-Geral da República, e o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, preso desde o último dia 10, para uma delação premiada. Entre as informações, estariam provas de envolvimento do governador com os desvios nas compras e contratações realizadas durante a pandemia e investigadas pelo Ministério Público do Rio e Ministério Público Federal.
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O governador Wilson Witzel, que foi alvo da Operação Placebo, que mirou fraudes da saúde e cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, voltou a afirmar que não se preocupa com as possíveis acusações e disse que, assim como a população, se sente lesado pela corrupção do seu próprio governo.
" Quando nós recebemos a denúncia de irregularidade, nós apuramos. Agora, eu não vou admitir é que num primeiro momento a denúncia de irregularidade venha acusar a minha participação. Eu posso ter escolhido alguém que nos enganou. Agora, eu da mesma forma como todo o povo do Estado do Rio de Janeiro esta se sentindo lesada, eu também me sinto ", afirmou o governador, que ainda criticou a "espetacularização" da operação de busca e apreensão nas suas residências e negou ter relação com a Organização Social Iabas, responsável pelo contrato, investigado, dos hospitais de campanha.
"O Ministério Público está dizendo que eu favoreci o Iabas, mas as duas reuniões que eu tive com eles foram para cobrar que eles entregassem os hospitais de campanha, sobre a lambança que eles fizeram nos hospitais, para impôr a eles a rescisão do contrato, e para dizer a eles que o estado ia entrar na Justiça para pegar o dinheiro de volta e puni-los severamente".
Ainda em relação a Santos, Witzel disse que ele era um profissional gabaritado e "uma pessoa querida na Alerj",inclusive com condecoração da Medalha Tiradentes, e, por isso, sua prisão surpreendeu até os deputados.
"Em nenhum momento nós imaginaríamos que ele pudesse fazer algo da natureza como nós estamos vendo ele ser acusado. E essa dinheirama toda que apareceu que provavelmente estão dizendo que é dele, isso é algo assustador. A todos os secretários que entram no nosso governo é avisado: nós não vamos tolerar a corrupção. É bom lembrar também que em outros governos, quando a transparência não era de forma tão ampla como é no nosso governo, secretários passaram mandatos inteiros e só depois é que vai descobrir qual foi a roubalheira que ele fez, que foi o caso do Sérgio Côrtes (secretário de saúde no governo de Sérgio Cabral)", afirmou.
Procurada, a defesa de Edmar Santos disse que não se manifestaria