Em meio a ameaças, apoio da população à democracia bate recorde, diz Datafolha
Índice dos que consideram o regime o mais adequado chegou a 75%
Por Agência O Globo |
O percentual de brasileiros que considera a democracia o regime mais adequado para o País bateu recorde, de acordo com pesquisa Datafolha realizada nos dias 23 e 24 deste mês. O índice atingiu 75%. Em dezembro, somava 62%.
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Desde 1989, quando o Datafolha começou a questionar a população sobre o tema, o apoio nunca havia atingido um patamar tão alto. A elevação da preferência pele regime ocorre em um momento em que o país vive uma discussão intensa sobre o tema por causa da participação do presidente Jair Bolsonaro em manifestações com bandeiras antidemocráticas, com pedidos de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
A pesquisa mostrou ainda que 10% da população considera a ditadura aceitável em algumas ocasiões. No levantamento anterior, esse percentual era de 12%. Os que entedem que tanto faz o regime passaram de 22% em dezembro para 12% agora.
O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
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Na série histórica do Datafolha, o mais baixo percentual de apoio da população à democracia ocorreu em fevereiro de 1992, antes do impeachment do então presidente Fernando Collor. Na ocasião, o índice era de apenas 42%. Em setembro daquele ano, quando Collor já havia sido afastado do cargo, foi registrado um recorde de preferência pela ditadura, com 23% dos brasileiros defendendo essa posição.
Na pesquisa atual, o apoio à democracia aumenta entre os mais ricos e mais escolarizados. No grupo dos que possuem ensino fundamental, o percentual dos que defendem esse regime é de 66%, e sobe a 91% entre os que têm nível superior.
Já entre quem ganha até dois salários mínimos, a perferência pela democracia é de 69%. Esse número atinge 87% no grupo dos que recebem mais de dez salários mínimos.
Já entre os que consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, a democracia é citada como melhor regime por 68%. Nessa faixa de eleitores também é identificado um apoio à ditadura um pouco maior, de 15%.