Um mês depois da deflagração de operação, Witzel não foi ouvido pela PF

Decisão do ministro do STJ Benedito Gonçalves determinava "oitiva imediata" de Witzel durante Operação Placebo sem citar datas específicas

Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
Foto: Agência Brasil
Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel

A deflagração da Operação Placebo, que teve alvo o governador Wilson Witzel e a primeira-dama Helena Witzel, completa um mês nesta sexta-feira (26). Nesse período, os dois ainda não prestaram depoimento sobre as investigações. Os advogados do governador chegaram a apresentar um pedido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que a data da oitiva fosse marcada, independentemente de notificação judicial. No entanto, não houve agendamento, segundo informou a defesa ao GLOBO.

Na decisão em que permitiu a deflagração da operação, o ministro do STJ Benedito Gonçalves citava que a Polícia Federal deveria "proceder a oitiva imediata dos investigados", mas não especificou um data para o depoimento do governador que, segundo a defesa, segue sem acontecer.

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"Delego a competência investigativa para a Polícia Federal proceder o cruzamento do resultado do material aqui produzido com elementos probatórios que forem compartilhados das demais investigações, assim como proceder a oitiva imediata dos investigados", escreveu o ministro na decisão.

O Ministério Público Federal (MPF) aponta, na apuração da Operação Placebo, que há indícios de participação ativa do governador tanto quanto ao conhecimento e quanto ao comando das contratações realizadas com as empresas investigadas por desvios na área da Saúde. Para o MPF, isso aconteceu mesmo sem o governador ter diretamente assinado os documentos. O governador nega qualquer envolvimento em irregularidades e crimes.

A operação provocou um desgaste de Witzel, que enfrenta agora um processo de impeachment aberto pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O governador não teve um voto sequer a favor dele, nem mesmo dos deputados do próprio partido, o PSC. A Comissão Especial que avalia o pedido de impeachment de Witzel decidiu por unanimidade suspender o prazo para que o governador apresente sua defesa à Assembleia Legislativa. O andamento, agora, depende que o STJ autorize o compartilhamento de provas da operação Placebo, na qual Witzel é investigado por fraudes em contratos. Com isso, o governador ganha tempo.

O relator do processo contra contra Witzel, Rodrigo Bacellar (SD), fez o requerimento de suspensão do prazo, atendendo ao pleito dos advogados do governador. Eles argumentam que “a denúncia apresentada não foi instruída com os documentos necessários para comprovar os fatos narrados”.

O governador já sinalizou a intenção de entrar com um mandado de segurança no STJ que poderia paralisar os trâmites na Alerj. O prazo para a apresentação da defesa é de dez sessões — a contar da primeira, realizada ontem. Agora, o novo prazo só volta a contar quando o STJ responder à solicitação do Legislativo Fluminense, que pede acesso aos autos do inquérito que corre em Brasília.