"Misoginia é tiro no pé", diz Sâmia Bomfim sobre cenário político

Pré-candidata pelo PSOL à prefeitura de São Paulo, parlamentar diz que preconceito reforça a solidariedade entre mulheres e amplia a discussão

Sâmia Bomfim, deputada federal pelo PSOL e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Sâmia Bomfim, deputada federal pelo PSOL e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo

A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Sâmia Bomfim (PSOL-SP) , fez críticas à flexibilização do isolamento social na capital paulista durante a pandemia da Covid-19. Segundo a parlamentar, o atual gestor Bruno Covas teve em um primeiro momento a atitude de ir de encontro ao desejo do presidente Jair Bolsonaro de quebra do isolamento. Mas, em um segundo instante, o prefeito de São Paulo operou de forma incoerente as decisões sobre o assunto.


“O prefeito de São Paulo, além de ser um gestor, tem que se apresentar como líder político. A nossa cidade recebeu 350 milhões de crédito e teve suspensão das dívidas. Ou seja, tinha toda a capacidade pra fazer diferente do que fez o senhor Jair Bolsonaro ”. Ao mesmo tempo, Bomfim reforçou: “Essa crença na ciência e a preferência pelo isolamento social não se concretizou”.

A parlamentar citou o fato de em uma semana o governo e o município anunciarem que pensavam sobre a possibilidade de lockdown e na semana seguinte optarem pela flexibilização . “Acho que isso, claro, tem a ver com pressão de pequenos e médios empresários”. A psolista disse que seria importante a extensão de programas como o Pronamp para dar segurança aos empreendedores. Isso, na visão de Sâmia, deveria ser feito por meio de cobranças junto ao Governo Federal.

Liderança feminina, ataques virtuais e misoginia

Sâmia Bomfim explicou que nas últimas eleições o número de candidatas mulheres pelo PSOL duplicou. A conquista desse espaço é fruto das novas demandas políticas da sociedade, segundo a ex-vereadora de São Paulo. Bomfim acrescentou que apesar das cotas para mulheres, outros partidos fazem candidaturas laranjas, o que reforça a misoginia. “Existem poucas mulheres candidatas à Prefeitura de São Paulo. Por enquanto, sei de apenas [de mim e] da Joice Hasselmann (PSL-SP)”.

Quando questionada sobre os ataques que sofre nas redes sociais, Bomfim explica que acredita que as ações surtam efeito contrário, porque geram solidariedade e união entre as mulheres. “ Misoginia virtual é um tiro no pé. Isso acaba dando mais visibilidade para as mulheres que confrontam o fascismo e estimula mulheres a ocuparem a política”, conta.

Transporte público e pautas municipais

“Existe pouca transparência e fiscalização desse serviço. A Prefeito de São Paulo precisa rever a lógica de máfia de transportes”, disse a pré-candidata, ao afirmar que a população que mais precisa dos transportes acaba prejudicada com as irregularidades das empresas concessionárias. 

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“Apenas cinco empresários controlam os transportes públicos de São paulo. Eu me lembro quando eu era vereadora o contrato foi suspenso por duas vezes pq encontraram centenas de irregularidades. E mesmo assim, conseguiram ficar com os contratos”, relembrou.

A pré-candidata pelo PSOL reforçou a importância de políticas que garantam o retorno ao mercado de trabalho para mulheres que tiveram filhos. A ampliação de redes de creche e a manutenção das existentes estão entre as propostas de Sâmia Bomfim, que falou sobre a dificuldade sofrida por mães diante de uma recolocação no mercado após saírem da licença maternidade .

“Houve um desmonte da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, que foi uma conquista de muitos anos, feito em diálogo com o movimento feminista. Foram fechadas diversas casas de acolhimento. Para nossa sorte, São Paulo contou com a abertura da Casa da Mulher Brasileira , programa do Governo Federal. Senão, a gente ia ter uma situação de acolhimento ainda menor e dramático”. 

A parlamentar disse também que o reajuste salarial dos servidores é uma pauta importante, ao levar em consideração que há mais de 10 anos os profissionais que atuam na educação básica, por exemplo, não tem atualização de salário. “Professores, tão importantes durante a pandemia, não recebem mais do que 3 mil reais e trabalham mais horas, com corte de vale refeição”, disse Bomfim.

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