Governo tira violência policial de relatório sobre violação de direitos humanos

O balanço anual Disque Direitos Humanos do primeiro ano da gestão de Bolsonaro foi divulgado sem informações sobre violência policial

Jair Bolsonaro com policial na base da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Formosa, Goiás
Foto: Reprodução/Facebook
Jair Bolsonaro com policial na base da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Formosa, Goiás


O governo federal excluiu dados de violência policial do relatório anual de direitos humanos, o Disque Diretos Humanos . Não há, portanto, índices de violência praticada por policiais no ano de 2019, o primeiro da gestão de Jair Bolsonaro. 

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De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos, responsável por divulgar o relatório, o motivo foi inconsistência de dados. O relatório é produzido com base nas denúncias enviadas ao Disque 100, canal que registra violência de qualquer ordem, inclusive a policial. 

Para especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo, essa pode ser a primeira vez que o Disque Direitos Humanos não traz os dados a respeito da violêncial policial , que vinha registrando constante aumento. Entre 2016 e 2017, o número de casos de violência por policiais cresceu 30,7%, e o índice aumentou mais 24% em 2018.

"É inaceitável e inusitado não ter a violência policial no de violação dos direitos humanos", diz Ariel de Castro Alves, advogado e membro do grupo Tortura Nunca Mais, à Folha de S. Paulo. "Se falar em violação de direitos humanos, a primeira coisa que lembramos é da violência policial. Isso é fazer de conta que a violência policial não existe no Brasil".

Já o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos da OAB , Hélio Leitão, disse à Folha de S. Paulo que "parece haver algo a esconder".

Em nota, o Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos afirmou que "os dados referentes às denúncias de violações de Direitos Humanos tendo por suspeito agentes de segurança não foram divulgados pois foram identificadas inconsistências em seus registros". O Ministério ainda confirmou que os dados serão divulgados futuramente, mas não informou quando.