O secretário estadual de Saúde do Rio, o clínico-geral Fernando Ferry, criticou, na manhã desta quinta-feira (04),  a decisão do ex-secretário da pasta, o médico Edmar Santos, de abrir sete hospitais de campanha para o tratamento de pacientes infectados e diagnosticados com a Covid-19 .

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Fernando Ferry
Reprodução Globo
Fernando Ferry

Em visita ao hospital de São Gonçalo, Ferry afirmou que houve “um super dimensionamento” por parte da ex-gestão na decisão de construir várias unidades móveis. De todas as unidades propostas pelo estado, apenas uma está em funcionamento, a do Maracanã.

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Enquanto isso, o hospital de campanha de São Gonçalo, que já deveria estar funcionando, só deverá ser aberto, na melhor das hipóteses, na sexta-feira da próxima semana.

"Seu eu fosse o secretário lá atrás, eu não tomaria essa decisão (de abrir sete hospitais de campanha). Eu investiria nos hospitais regulares. Eu não abriria hospital de campanha. No máximo eu abriria um hospital. Não tínhamos previsão do que iria acontecer aqui. Se nos Estados Unidos já chegaram a mais de 100 mil pessoas, imagina o que iria acontecer aqui. Foi feito um super dimensionamento", destacou Ferry ao comentar uma nota do colunista Ancelmo Góis, do Globo , que citou o temor de setores da saúde de que quando as unidades ficarem prontas elas não servirão para pacientes contaminados com a Covid-19 .

Em contrato emergencial com o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), o governo acertou o pagamento de R$ 770 milhões para a construção e gestão das unidades que já deveriam estar prontas desde abril. Até aqui, R$256 milhões já foram repassados para a Organização Social.

No último dia 27, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou o bloqueio dos repasses feitos pelo estado ao Iabas. Nesta terça, um decreto do governador Wilson Witzel (PSC) rompeu o contrato com Iabas e agora a gestão dos hospitais ficara a cargo da Fundação Estadual de Saúde.

Sem previsão para abertura das unidades

Segundo o novo secretário de saúde, não há prazo para a entrega dos outros cinco hospitais de campanha. " Essa é uma pergunta difícil (para dar um prazo de abertura dos outros hospitais). Não adianta eu querer tocar as obras em todos os hospitais. Tenho que ter o foco aqui (em São Gonçalo). Mas, eles vão abrir, sim. Vão abrir aos poucos", destacou o secretário.

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Se de fato o Hospital de Campanha de São Gonçalo abrir na próxima semana, a unidade contará com 80 leitos de CTI e 120 de enfermaria.

"A previsão, que fique claro, é que entremos em funcionamento na sexta-feira. A equipe da Fundação Estadual de Saúde assumiu a unidade hoje e estamos fazendo um levantamento para ver o que falta. Estamos trabalhando arduamente para tentar ver se iremos de fato abrir", salientou

O secretário disse ainda que quando acabar a pandemia, os hospitais de campanha serão usados para o tratamento de pacientes que estão na fila do SUS. "Hoje, com todas essa estruturas montadas, como desmonto e paro de funcionar? Agora, essa estrutura bem conservada teremos até cinco anos de funcionamento. Então, esse é o tempo que vamos ter para fazer as obras e adequações dos CTIs dos hospitais regulares. Vamos usar isso aqui, depois da epidemia, para o tratamento de pacientes que necessitam de atendimento", afirmou o secretário.

Ministério da Saúde vai enviar 100 respiradores

Durante visita ao Hospital de Campanha de São Gonçalo, nesta manhã, Ferry afirmou que o Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, prometeu enviar para o Rio, nas próximas horas, 100 respiradores. Os equipamentos serão usados em São Gonçalo.

"Falei com o ministro ontem e ele disse que vai mandar 100 respiradores. A previsão é que chegue hoje ou amanhã"

Durante a visita a São Gonçalo, Ferry voltou a dizer que foi enganado pela OS que administrava às sete unidades móveis. " O tempo inteiro eles diziam que o que eles haviam comprados eram respiradores. Depois de três dias de conversa e eu vendo que a Anvisa não liberava os aparelhos, eu fui saber pela mídia que eles não haviam comprado os respiradores. Temos um parecer da Sociedade de Anesteologia que esses carinhos não servem para usar no tratamento da Covid-19. Aquilo é para ser usado em cirurgia rápida. Ele só pode ser usado de uma forma provisória. Não pode usar 24 horas por dia. Eles sempre diziam que havia chegado e que eram respiradores, mentiram", afirmou.

Entretando, o modelo escolhido por Iabas já estava definido desde o início do contrato. Ao Globo, o secretário Fernando Ferry afirmou que quer tentar devolver os carrinhos de anestesia à empresa chinesa e reaver o dinheiro.

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"Eu não sei o que vou fazer com esses carrinhos. Estamos avaliando para tentar a devolução. Não sei se eles já foram pagos ou não. O Ministério Público Federal está debruçado avaliando essas compras (feitas pelo Iabas). Agora, se a gente não conseguir a devolução e o dinheiro de volta, o plano B é pegar esses respiradores e destribuir nos hospitais da rede estadual de Saúde. Vamos ver a situação dos centros cirúrgicos desses locais e equipá-los. Como são 500, se sobrar vamos mandar para os municípios. A equipe técnica vai fazer uma análise técnica".

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