Alcolumbre diz que não vai tolerar ataque às instituições

Presidente do Senado tem evitado se posicionar publicamente sobre as últimas polêmicas do governo Bolsonaro

Alcolumbre também repudiou as agressões aos profissionais da imprensa.
Foto: Agência Brasil
Alcolumbre também repudiou as agressões aos profissionais da imprensa.

Depois de três dias sem se manifestar sobre a participação do presidente Jair Bolsonaro em ato antidemocrático no domingo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse, nesta quarta-feira, que não vai "tolerar" ataque às instituições. Ele também repudiou as agressões contra jornalistas ocorridas nos últimos dias.

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"As coisas estão muito difíceis aqui. Vocês têm acompanhado à distância o enfrentamento a todo o momento. A agressão à imprensa , que é lamentável. É lamentável. A agressão à imprensa também é a agressão à liberdade de expressão. Tem a minha solidariedade, o meu apoio e o meu repúdio. A agressão às instituições, não tolerarei. Sempre me mantive com respeito. A agressão às instituições é agressão à democracia " disse.

O repúdio foi feito na abertura da sessão do Senado desta quarta-feira, em meio a um longo desabafo sobre as pressões que ele vem sofrendo por relatar o projeto de socorro a estados e municípios na pandemia do coronavírus. A proposta prevê congelamento de salário de servidores por 18 meses. Nos últimos dias, Alcolumbre tenta intermediar os pedidos da equipe econômica do governo e as pressões de parlamentares e de categorias.

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Em tensão com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nos últimos meses, o governo tem centralizado em Alcolumbre a negociação sobre projetos de seu interesse. Foi o caso do socorro a estados e municípios. Depois de a Câmara aprovar uma proposta classificada como de alto impacto fiscal pela equipe econômica, Paulo Guedes (Economia) pediu a Alcolumbre que mudasse o texto.

Nesse papel, Alcolumbre tem evitado se posicionar publicamente sobre as últimas polêmicas do governo Bolsonaro. No episódio de demissão do ex-ministro Sergio Moro (Justiça), por exemplo, ele não se manifestou sobre as acusações do ex-ministro ao governo. No dia seguinte à participação de Bolsonaro em protesto com a defesa de uma intervenção militar em 19 de abril, ele desmarcou a sessão do Senado para evitar ampliar a crise.

O silêncio de Alcolumbre tem incomodado parte dos colegas, que vinham cobrando uma reação dele. A pressão se ampliou depois de mais uma participação de Bolsonaro em ato contra o Supremo e o Congresso. No último domingo, o presidente saudou os manifestantes e disse que o povo e as Forças Armadas estão ao seu lado.

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No ato, jornalistas foram agredidos com chutes e murros. Em mais um ataque aos profissionais, ontem, Bolsonaro mandou repórteres "calarem a boca" em resposta a tentativas deles de fazerem perguntas na saída do Palácio do Alvorada.