Governo pode entrar na Justiça contra medidas restritivas em estados, diz AGU

André Mendonça, chefe do órgão, divulgou comunicado após Doria ameaçar prisão para quem descumprir quarentena

André Luiz de Almeida Mendonça, ministro da Advocacia-Geral da União
Foto: Antonio Cruz/ABr
André Luiz de Almeida Mendonça, ministro da Advocacia-Geral da União

O advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, disse neste sábado (11) que o órgão pode entrar na Justiça para flexibilizar medidas de isolamento social estabelecidas por governadores e prefeitos para combater a disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Em nota, Mendonça afirmou que aguarda informações do Ministério da Saúde e da Anvisa para tomar a decisão.

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O comunicado é divulgado dois dias após o governador de São Paulo, João Doria, afirmar que pessoas que contrariarem as  medidas restritivas estabelecidas no estado e fizerem aglomerações serão advertidas e, se insistirem, poderão ser presas pela Polícia Militar. A quarentena em São Paulo, epicentro da pandemia no país, foi estendida até 22 de abril.

Para o AGU , medidas restritivas devem ter fins preventivos e educativos não "repressivos, autoritários ou arbitrários". "Medidas isoladas, prisões de cidadãos e restrições não fundamentadas em normas técnicas emitidas pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa abrem caminho para o abuso e o arbítrio", declarou Mendonça.

O posicionamento do AGU deste sábado marca um novo episódio da tensão entre o governo federal e governadores. O presidente Jair Bolsonaro defende que as medidas de distanciamento sejam relaxadas, na contramão das medidas tomadas por chefes do Executivo dos estados.

No comunicado, Mendonça pediu "bom senso e serenidade de todos" e afirmou defender que qualquer medida deve ser respaldada na Constituição e ser capaz de garantir a ordem e a paz social.

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Veja abaixo a íntegra da nota do AGU

Diante da adoção ou ameaça de adoção de medidas restritivas de direitos fundamentais do cidadão por parte de autoridades locais e estaduais, informo que a Advocacia-Geral da União aguarda informações do Ministério da Saúde e da Anvisa para a propositura de medidas judiciais cabíveis com o objetivo de garantir a ordem democrática e a uniformidade das medidas de prevenção à Covid-19.

Como Advogado-Geral da União, defendo que qualquer medida deve ser respaldada na Constituição e capaz de garantir a ordem e a paz social. Medidas isoladas, prisões de cidadãos e restrições não fundamentadas em normas técnicas emitidas pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa abrem caminho para o abuso e o arbítrio. Por fim, medidas de restrição devem ter fins preventivos e educativos - não repressivos, autoritários ou arbitrários.

É momento de bom senso e serenidade de todos.

André Mendonça

Advogado-Geral da União