Covid-19: Maia vê falta de ação do governo para financiar hospitais médios

Presidente da Câmara cobra atitude do governo diante da crise do coronavírus no país

Presidente da Câmara Rodrigo Maia quer plano para hospitais médios
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara Rodrigo Maia quer plano para hospitais médios


O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira que o governo ainda não desenhou uma política para financiar os hospitais médios no Brasil. Em teleconferência realizada pelo banco Santander, Maia afirmou que o país precisa de mais investimentos para atender os infectados e assim enfrentar a crise do coronavírus .

"Para financiar a rede de hospitais, o governo até agora não deu uma solução. Não são todos que são um (hospital Albert) Einstein, Sírio-Libanês ou da rede D'Or. Muitos hospitais médios também não são Santas Casa. Mas nós vamos precisar de todos os leitos, não só dessas grandes redes. E não vi até agora uma preocupação articulada do BNDES ou outro banco público, ou do próprio governo, pensando em como garantir a liquidez (para os demais hospitais)", disse Maia.

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Durante a teleconferência, o presidente da Câmara voltou a criticar a postura do governo para lidar com a consequências da crise. Ele disse que a falta de "um grande pacote" o deixou preocupado no nas últimas semanas, mas que agora esse cenário "já está dado". A preocupação para o Legislativo, de acordo com Maia , deve ser evitar a tomada de medida descoordenadas que possam prejudicar a sociedade.

"O que me preocupa daqui para frente é uma questão muito simples. Se a coisa não tiver organizada por quem precisar comandar, vamos ter muitas boas ideias. Eu tenho sempre dito nos meus discursos que a soma de boas ideias, de interesses particulares, ela não resulta necessariamente no interesse coletivo. Então o que está me assustando agora é que está todo mundo tendo boa ideias. Um para atingir o setor público, outro para o setor privado. Só que no final esses conflitos podem acabar desorganizando o processo"

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Neste sentido, Maia também criticou a política do BNDES para o setor aéreo. O banco deve abrir ainda este mês uma linha de financiamento para as companhias. O presidente da instituição, Gustavo Montezano, também sinalizou que poderia socorre-las com debêntures (títulos de empréstimo) conversíveis em ações.

"Do jeito que o BNDES quer, vai virar dono de todo o setor aéreo. Do jeito que quer emprestar dinheiro ou comprar participação, não sei como vai fazer... Então, não dá. Em um governo liberal, o BNDES caminha para uma linha, pela crítica que estou ouvindo, que vai acabar sendo dono das companhias".

'PEC da guerra'

Maia disse ainda que deve votar, em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o " orçamento de guerra " na sexta-feira. Ele ressaltou que há dificuldades pontuais no sistema de votação virtual, pois trata-se de uma ferramenta "mais lenta", sem a celeridade de sessões presenciais. Segundo Maia, já há consenso para votá-la.

"Na Câmara, acho que sexta nós temos condição de terminar a votação em dois turnos. Ela tem a sua vigência na data da decretação da calamidade, uma sinalização de conforto aos servidores que estão tomando as decisões demandadas pela política, seja pelo governo ou parlamento, mas estou otimista. O sistema (de votação remota) é muito lento. Muitas vezes o volume de mensagens no meu telefone é muito grande. Eu perco um deputado. Tem um líder que precisa falar pelo regimento. É um sistema que funciona bem, mas é mais lento, até porque eu tenho que abrir aos poucos microfones, para que todos possam participar".

O presidente da Câmara destacou ainda que "forte apoio à PEC da Guerra" é um sinal de que o congresso continua reformista e deve se empenhar nesta pauta após a crise. Mas ressaltou que é necessário "reconstruir minimamente a relação com o Executivo".

"A reforma tributária está bem encaminhada e a administrativa estamos esperando que o governo encaminhe. Às vezes o governo fala das reformas, mas trabalhar com reforma fantasma eu tenho dificuldade. Mas agora também não é hora de encaminha essa reforma, vamos esperar uns 30 dias".