Capitão Adriano é o Celso Daniel da família Bolsonaro, diz Bebbiano

Em entrevista, ex-secretário geral da Presidência fez críticas ao governo e disse que Carlos tem "graves problemas mentais"

Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Gustavo Bebbiano foi o entrevistado do programa 'Roda Viva' nesta segunda-feira

Convidado do programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (2), Gustavo Bebbiano, ex-secretário geral da Presidência, não poupou críticas ao governo e ao clã Bolsonaro. Em entrevista recheada de polêmicas, ele acusou Carlos de criar "gabinete do ódio" no Planalto, disse que Jair perdeu a chance de ser um dos maiores estadistas da história e até comparou a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope, com o caso Celso Daniel.

"O PT tem um grande fantasma que é o Celso Daniel. E agora a família Bolsonaro tem um fantasma que é o capitão Adriano.  Parece uma queima de arquivo. Quem teria interesse na morte dele? Não sei", afirmou Bebbiano , lembrando o caso da morte do ex-prefeito de Santo André em 2002, que não foi esclarecida até hoje.

Ele afirmou ainda nunca ter se encontrado com Adriano , mas disse que era um "nome conhecido" e que ouvia falar dele: "era tido como um policial linha de frente e linha dura. Eu não sabia que era miliciano , só era um nome que eu ouvia algumas vezes. Era alguém com quem se tinha amizade".

Segundo Bebbiano, a morte durante confronto com policiais na Bahia foi "estranha" e parece ter se tratado de uma "queima de arquivo": "quem teria interesse na morte dele? Não sei, mas é preciso que uma investigação séria seja feita".

Ao falar sobre o presidente , Bebbiano disse que Bolsonaro está perdendo a chance de se tornar um dos maiores estadistas da história do país, lamentou os ataques feito por ele contra a imprensa - afirmando que isso apenas atrapalha o desenvolvimento do Brasil - e afirmou que Jair "não confia em seus ministros".

"No fundo, ele não confia no general Heleno, nem no general Luiz Eduardo Ramos. Eles (família Bolsonaro) não confiam em ninguém. Mas minha grande crítica é que ele está atrapalhando. Se você pegar a agenda presidencial, vai ver que ele só pensa em reeleição. Ele praticamente não trabalha pelo país. Há um brasil do Paulo Guedes  e um do presidente. Se nós continuarmos no caminho que estamos, não vai terminar bem", afirmou Bebbiano.

Foco em Carlos Bolsonaro

Apesar das críticas ao pai Jair, o grande alvo do ex-ministro na família Bolsonaro foi Carlos . Segundo Bebbiano, o vereador participou da tentativa de montagem de uma Agência Brasileira de Inteligência ( Abin ) paralela dentro do governo e contou com a ajuda de um delegago da Polícia Federal. Porém, ele preferiu omitir o nome do envolvido por uma "questão institucional e pessoal". Segundo ele, a ideia era criar dossiês e atacar adversários, inclusive jornalistas.

"Um belo dia o Carlos Bolsonaro aparece com um nome de um delegado federal e três agentes que seriam uma Abin paralela. O assunto acabou comigo e o general Santos Cruz. Nós aconselhamos o presidente a não fazer aquilo porque também seria motivo de impeachment", lembrou Bebbiano.

Em outro momento, ele acusou Carlos de chefiar um " gabinete do ódio " dentro do Planalto, onde eram criadas as famosas " fake news ", e afirmou que o filho do presidente tem "graves problemas mentais" e arquitetou um ataque covarde contra ele, principalmente nas redes sociais.

"Eu disse ao presidente que as notícias falsas não podiam estar dentro do Planalto porque poderiam dar em impeachment. Mas a pressão que o Carlos faz é tão grande que o pai não consegue se contrapor ao filho, não tem pulso para dizer não. Ele é uma pessoa com agressividade despropositada e que deveria procurar um tratamento", finalizou Bebbiano .