"Se desejam o parlamentarismo, mudem a Constituição", diz Augusto Heleno

Ministro chamou transmissão na conta de Bolsonaro de "lamentável episódio de invasão de privacidade". No vídeo cita "chantagens" do Parlamento

Augusto Heleno foi flagrado em vídeo fazendo críticas ao Congresso Nacional
Foto: Marcos Corrêa/PR
Augusto Heleno foi flagrado em vídeo fazendo críticas ao Congresso Nacional

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno , afirmou nesta quarta-feira (19) que, se há um desejo de implementar o parlamentarismo no Brasil, é necessário alterar a Constituição. Heleno disse que existem "insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares", que reduzem "substancialmente" o orçamento do Executivo . Heleno se manifestou nas redes sociais após dizer ao presidente Jair Bolsonaro que o governo não deve ceder "às chantagens" do Congresso e que o presidente deveria "convocar o povo às ruas" .

Em mensagens publicadas no Twitter, Heleno disse que houve um "lamentável episódio de invasão de privacidade", com o vazamento de uma conversa sua com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Na manhã de terça-feira, uma transmissão ao vivo na conta de Bolsonaro no Facebook captou Heleno dizendo aos dois ministros que o Executivo não podia aceitar “chantagens” do Parlamento o tempo todo. Ele foi informado de que a fala estava sendo transmitida e parou de falar. 

Depois, em uma reunião, Heleno ficou irritado e bateu na mesa, ao falar novamente sobre o que chama de chantagens e sobre a necessidade de convocar a população. Bolsonaro, porém, pediu cautela e aconselhou a articulação política a costurar um novo acordo com parlamentares.

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Nesta quarta, Heleno disse que a opinião é de sua "inteira responsabilidade" e não é fruto de conversar anteriores com Bolsonaro ou outros ministros. Ele também afirmou que não comentará mais o assunto. 

"Externei minha visão sobre as insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares por fatias do orçamento impositivo, o que reduz, substancialmente, o orçamento do Poder Executivo e de seus respectivos ministérios. Isso, a meu ver, prejudica a atuação do Executivo e contraria os preceitos de um regime presidencialista. Se desejam o parlamentarismo, mudem a constituição. Sendo assim, não falarei mais sobre o assunto", escreveu o ministro.

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O pano de fundo da discussão é a articulação do Congresso para derrubar vetos de Bolsonaro ao orçamento impositivo, que dá mais poder aos parlamentares. O governo tenta chegar a um acordo para impedir a derrubada de todos os vetos. Se derrubar todos os vetos, o Congresso terá o controle de R$ 30 bilhões.