Caso Flordelis: relembre o mistério do paradeiro de celular do pastor morto
Desde o início das investigações, polícia não sabe qual é o real paradeiro do aparelho do marido da deputada
Por Agência O Globo |
O paradeiro do telefone celular do pastor Anderson do Carmo, marido da deputada federal Flordelis dos Santos , é considerado uma peça fundamental nas investigações do assassinato do religioso. O aparelho nunca foi encontrado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), responsável pelo caso. A polícia considera fundamental ter acesso ao celular para conseguir chegar aos mandantes da morte de Anderson , na casa da família, em Pendotiba, Niterói.
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Ao longo de sete meses de investigações, a polícia já ouviu diferentes versões sobre o destino do aparelho, incluindo que o mesmo foi jogado da Ponte Rio-Niterói. Esta semana, a história ganhou novos contornos. De acordo com informações da TV Globo, a DH descobriu que o horas após o crime, o telefone de Anderson foi conectado ao wi-i da casa do senador Arolde de Oliveira (PSL), na Barra a Tijuca, Zona Oeste do Rio. O aparelho recebeu um chip cadastrado no nome da Yvelise de Oliveira, mulher de Arolde. O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros no dia 16 de junho de 2019.
Relembre os capítulos dessa história
1 - Flordelis promete entregar celular de Anderson
Em seu primeiro depoimento à DHNSG, horas após a morte de Anderson, a deputada federal prometeu à polícia entregar o telefone do marido aos policiais, o que nunca ocorreu. Posteriormente, a pastora afirmou à polícia desconhecer o paradeiro do telefone. Em seu segundo depoimento à DH, no dia 24 de junho, Flordelis disse não ter visto o celular de Anderson após o crime.
2 - Filho afirma que Flordelis confessou ter quebrado celular de Anderson
Em seu depoimento dado à polícia no dia 24 de junho, um dos filhos adotivos de Flordelis, o pastor e vereador de São Gonçalo conhecido como Misael, relatou aos investigadores que esteve com a mãe três dias antes, no dia 21 de junho na casa da família, em Pendotiba, Niterói. Segundo Misael, durante uma reunião no quarto da mãe, ela escreveu em um caderno os dizeres “Nós quebramos o celular do Niel e jogamos na ponte Rio-Niterói”. Niel era o apelido de Anderson na família. No relato, Misael afirma ainda que o caderno passou pelas mãos de sua esposa, Luana, e de Daniel dos Santos, seu irmão.
3 - Celular passou pelas mãos do motorista de Flordelis
Em seu depoimento, o filho adotivo de Flordelis ainda revelou que teve acesso ao telefone celular do pai no dia seguinte ao crime. Misael contou que o aparelho que estava com o motorista da mãe, Marcio da Costa Paulo, conhecido como Buba. Segundo o vereador, Buba relatou a ele que entregaria o celular para Flordelis.
4 - Outro filho também desmentiu versão de Flordelis
O também pastor e Filho de Flordelis Luan Santos, em seu depoimento, relatou à polícia ter visto o momento em que Buba chegou à casa de Flordelis, com o telefone na mão, para entregá-lo à mãe. Segundo Luan, um dos filhos biológicos de Flordelis, Adriano de Souza, tomou o telefone da mão de Buba e disse que pegaria o aparelho primeiro.
Em resposta ao filho, Flordelis disse para que ele apagasse “aquilo que tá lá”. A mulher de Adriano alertou a sogra de que a polícia teria como descobrir se algo fosse deletado do aparelho. Luan afirma que concordou e, segundo ele, Flordelis abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Luan prestou depoimento no dia 28 de junho. Segundo ele, o episódio relatado ocorreu no dia do sepultamento do pastor, 17 de junho.
5 - Motorista de Flordelis admitiu ter ficado com celular do pastor
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Em seu depoimento à polícia, no dia 26 de junho, Buba confirmou que ficou com o celular de Anderson, mas não revelou o que fez com o aparelho. Já Adriano disse à polícia que não sabia informar a localização do telefone de Anderson.
6 - Polícia descobre que celular foi jogado no mar
No dia 26 de junho, a DH recebeu uma denúncia de que um mototaxista levou uma das netas de Flordelis até a Praia de Piratininga, em Niterói, para jogar um telefone celular no mar. A jovem Lorrane Oliveira dos Santos foi até o local durante uma operação de busca e apreensão feita pela polícia na casa de Flordelis. O mototaxista que levou a neta de Flordelis na orla foi ouvido pela polícia no dia 26 de junho e admitiu ter feito o trajeto com a jovem na data e horário da busca e apreensão. Ele, no entanto, não relatou ter visto Lorraine jogar o aparelho no mar .
Em depoimento, Lorraine afirmou ter ido à praia de Piratininga para relaxar sozinha na praia e jogar um tênis vermelho no mar. Ela conta que ficou 20 minutos no local, mas o mototaxista, que levou a jovem de volta para casa, deu versão diferente. Ele disse que só deu tempo da jovem ir até o mar e voltar, permanecendo por cerca de cinco minutos na praia.
7 - Irmã de pastor viu celular na casa
A irmã do pastor Anderson do Carmo, Michelle do Carmo, afirmou à polícia ter visto o celular do irmão na casa da família logo após o crime. Ela disse ter visto o momento em que a namorada de um dos filhos de Flordelis entregou o aparelho para a deputada.
8 - Outros celulares desaparecidos
Além do telefone de Anderson, a polícia também não encontrou os aparelhos que eram usados por Flordelis e por Flávio dos Santos, filho da deputada que está preso pela morte do pastor. Em setembro do ano passado, a DH apreendeu um celular que passou a ser usado por Flordelis após o crime.
9 - Telefone de Anderson conectado na casa de senador
Os investigadores da DH descobriram que, horas após o crime, o celular foi conectado à rede de wi-fi da casa do senador Arolde de Oliveira (PSD) , na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, foi inserido um chip em nome de Yvelise de Oliveira, esposa do parlamentar. Anderson foi morto na garagem da casa onde morava com Flordelis e os filhos, em Pendotiba, Niterói. Arolde esteve na residência da família cerca de nove horas após o assassinato do marido de Flordelis. Ele chegou ao local por volta de meio-dia. O senador é padrinho político de Flordelis.
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10 - Celular foi levado pra casa de delegado federal
De acordo com as investigações, após ter passado pela casa do senador, o aparelho foi levado para Brasília . Na capital federal, o telefone foi conectado ao wi-fi de um delegado federal com um chip em nome de um pastor — os nomes dos dois novos personagens desta história não foram divulgados.