CNJ analisará proposta de adiar aplicação de norma sobre juiz de garantias

Em consulta pública, órgão recebeu cerca de 70 sugestões sobre nova medida aprovada pelo Congresso junto ao pacote anticrime

O CNJ estuda as formas de aplicar a nova lei
Foto: Divulgação/CNJ
O CNJ estuda as formas de aplicar a nova lei

Terminou nesta sexta-feira o prazo para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) receber sugestões e informações sobre a norma do juiz de garantias, prevista por lei para vigorar a partir do dia 23. Entre as cerca de 70 manifestações recebidas, há sugestão para adiar a aplicação da medida. O CNJ vai analisar as mensagens antes de apresentar ao presidente do órgão, ministro Dias Toffoli, um plano para colocar a norma em prática. Isso vai acontecer até o dia 15.

Pela nova lei, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, haverá um juiz para conduzir os processos e outro para julgar. A intenção é garantir maior isenção aos julgamentos no país.

O CNJ não informou os autores das manifestações, enviadas a partir de uma consulta pública. Por meio de sua assessoria de imprensa, o órgão disse apenas que “a consulta foi aberta a tribunais, associações de juízes, magistrados, Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Defensoria Pública da União (DPU) e ao Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais (Condege)”. Ainda segundo a assessoria, a maioria das sugestões foi encaminhada por juízes e tribunais.

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Entre as propostas enviadas estão também: criação de varas regionalizadas, nas quais os magistrados atuem somente como juiz de garantias; digitalização dos processos físicos; instituição de um departamento para tramitação de inquéritos policiais nas sedes das circunscrições judiciárias; e realização de audiências, principalmente de custódia, por videoconferência. Também foram recebidas propostas defendendo a autonomia dos tribunais de Justiça para organizar e regulamentar a implementação da norma.

Aguardam decisão de Toffoli três ações apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), de onde também é presidente, contra a legalidade da instituição do juiz de garantias. O ministro já elogiou a lei publicamente e, portanto, a expectativa é que ele considere a medida constitucional.

Desde dezembro, um grupo de trabalho formado no CNJ estuda formas de aplicar a nova lei. Estudo prévio do órgão indica que, na Justiça Estadual, 19% das varas conta com apenas um juiz. Na Justiça Federal, o índice é de 21%. Mas, de acordo com Toffoli, não haverá problema para implementar a norma do juiz de garantias. Na semana passada, ele disse que a medida não demandará gastos extras. Seria apenas “uma questão de reestruturação interna”.