CCJ do Senado aprova pacote anticrime com propostas de Moro desidratadas

Proposta do ministro teve contribuições contempladas, mas algumas das principais sugestões foram ignoradas em votação simbólica no Senado

Presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o relator do projeto de lei do pacote anticrime, senador Marcos do Val (Podemos-ES)
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o relator do projeto de lei do pacote anticrime, senador Marcos do Val (Podemos-ES)

Após acordo para garantir a votação de um projeto de lei que que institui a  prisão após condenação em segunda instância na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado , que deve acontecer em seguida, o colegiado aprovou nesta terça-feira (10) o pacote anticrime, em votação simbólica, com o  mesmo texto que saiu da Câmara dos Deputados na quarta da semana passada, que desidratou propostas do ministro da Justiça, Sergio Moro. O parecer segue agora para a votação no plenário da Casa.

Uma das propostas de Moro rejeitadas pelos deputados no grupo de trabalho é a mudança do conceito de legítima defesa. Na iniciativa de Moro, havia uma alteração no Código Penal para beneficiar agentes públicos, o chamado excludente de ilicitude . O juiz poderia "reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la" se o excesso em ações de autoridades decorresse "de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

A proposta foi elaborada a partir do debate do grupo de trabalho formado para analisar as sugestões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e do próprio Moro. O pacote teve amplo apoio, até mesmo da oposição, mas algumas das principais proposições do ministro foram ignoradas.

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O parecer foi lido pelo relator, o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que abriu mão de fazer qualquer alteração no texto. "Temos que ser razoáveis", defendeu o parlamentar, que argumentou que o relatório é o possível de ser aprovado de forma imediata.

Na Câmara, o pacote foi aprovado por 408 votos a favor, nove contra e duas abstenções.

A proposta estabelece mudanças no Código Penal , na Lei de Execução Penal e outras leis que tratam de temas relacionados à segurança pública. Determina, por exemplo, o aumento do tempo máximo de cumprimento de pena de 30 para 40 anos.

O pacote anticrime amplia também a chamada "transação penal", que permite a substituição de pena em crimes de menor gravidade. Além disso, prevê que chefes de organizações criminosas comecem a cumprir pena obrigatoriamente em presídios federais.