6 vezes em que nomes ligados a Bolsonaro fizeram referência à ditadura

Entre declarações de ministros e de seus filhos, referências ao período de repressão militar da história do Brasil são frequentes ao redor do presidente

Jair Bolsonaro com seus três filhos: Flávio, Eduardo e Carlos
Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição/Divulgação
Jair Bolsonaro com seus três filhos: Flávio, Eduardo e Carlos

Referências à ditadura militar são frequentes no entorno do presidente Jair Bolsonaro e as alusões ao período de repressão da história brasileira já partiram tanto de ministros como de filhos do presidente. No último desses episódios, o ministro da Economia, Paulo Guedes , disse que ninguém podia se assustar "se alguém pedir o AI-5".

A declaração foi dada pelo ministro durante uma coletiva de imprensa na qual ele criticou o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que falou a favor da polarização política. O ministro classificou a declaração como "irresponsável" e afirmou que o petista está chamando "todo mundo para quebrar a rua".


Um dos casos mais recentes e que mais ferou repercussão foi um envolvendo Eduardo Bolsonaro . Em entrevista à jornalista Leda Nagle, o deputado apresentou o  AI-5  como uma possível resposta ao que ele considerou como "radicalização da esquerda".

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. A resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o filho de Jair Bolsonaro. A fala do parlamentar gerou críticas de vários representantes de entidades e políticos dos mais variados partidos políticos .

Ligado a esse episódio, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Augusto Heleno , deixou a situação do governo mais delicada. Ao comentar a declaração de Eduardo, o ministro disse que seria necessário "estudar" a implantação .

“Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo”, afirmou o ministro.

Em outubro do ano passado, Eduardo também foi alvo de outras críticas ao sugerir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) usando das Forças Armadas . Durante uma palestra para concurseiros no Paraná, o filho do presidente disse que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). "Cara, se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não", disse.

Apesar de o caso só ter ganhado notoriedade naquele mês, a frase foi dita pelo deputado em julho daquele ano. No vídeo em que ele aparece falando essas palavras, Eduardo dava uma palestra para matriculados que desejavam ingressar na Polícia Federal.

Entre os filhos de Bolsonaro, Carlos foi outro que, de forma mais contida, sugeriu medidas antidemocráticas. Em uma publicação no Twitter, o vereador do Rio de Janeiro disse que o Brasil não passaria pela transformação que o governo desejava "por vias democráticas" .

"Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!", escreveu Carlos. Após a repercussão negativa da publicação, Carlos acabou apagando o tweet.

A declaração mais célebre em referência ao período militar, no entanto, veio do próprio Jair Bolsonaro. Durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. "Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim", disse o então deputado federal.

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Durante o regime militar, entre 1970 e 1974, Ustra foi o chefe do DOI-Codi do Exército de São Paulo, órgão de repressão política do governo militar. Sob o comando dele, ao menos 50 pessoas foram assassinadas ou desapareceram e outras 500 foram torturadas, segundo a Comissão Nacional da Verdade.