Eduardo Bolsonaro diz que pedido de expulsão é motivado por briga no PSL de SP

Durante homenagem, filho do presidente da república citou o coronel do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra e elogiou Olavo de Carvalho

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro , disse nesta sexta-feira que o pedido de sua expulsão do PSL apresentado por cinco parlamentares é motivado por uma disputa pelo comando do partido em São Paulo.

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Eduardo Bolsonaro
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Eduardo Bolsonaro

A declaração foi dada antes da cerimônia de entrega do Colar de Honra do Mérito Legislativo a Eduardo pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Nove dos 15 deputados estaduais da sigla compareceram. O filho de Bolsonaro, que preside a sigla no estado, recebeu ainda uma carta de apoio assinada por 12 integrantes da bancada. Entre os que não referendaram o documento e não compareceram está Janaina Paschoal, a parlamentar mais votada na eleição do ano passado para o Parlamento paulista.

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 Eduardo, que nesta semana assumiu a liderança no PSL na Câmara, destacou que a sua cassação foi pedida apenas por integrantes do diretório de São Paulo.

"Curiosamente todos eles são de São Paulo, (senador) Major Olimpio, (deputados) Joice Hasselmann, Abou Anni e Júnior Bozzella. Por que estão contra mim? Eu não mudei, sou o mesmo da eleição pra cá. O que mudou neles? Será que foi a minha desistência de ir para embaixada nos Estados Unidos? Agora eles se voltaram contra mim para disputar o poder? Sendo que antes, quando estava tudo certo pra eu ir para Washington, eles achavam que iam abocanhar o PSL em São Paulo", afirmou.

Além dos parlamentares citados por Eduardo, o pedido de expulsão dirigido ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, também é assinado pelo deputado Coronel Tadeu (SP).

O filho do presidente afirmou ainda que os que se manifestaram contra ele "terão que se explicar".

"Eu só lamento. Os principais prejudicados são exatemente aqueles que estão impetrando pela minha cassação do PSL".

Em seu discurso, Eduardo disse que uma ala do PSL se rendeu ao "fisiologismo" porque acredita que o fenômeno Bolsonaro não se repetirá em 2022. "Querem nomeaçoes em estatais, cargos, emendas".

O deputado também disse que os partidos não são a parte mais importante da política. "Alguém conhecia o PSL? Mas vocés conheciam o Bolsonaro. O partido não pode ser o fim, o principal. O partido é o meio".

No começo do discurso, Eduardo citou o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra ao lembrar que quando o seu pai dedicou o voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff ao militar muitos deram as suas pretensões presidencias como encerradas.

Ao se referir à frase "Ustra vive" acabou dizendo "Ustra livre". " Não é Ustra vive porque ele nunca foi preso, não. Ele, na verdade, prendia vagabundo". 

A Comissão Nacional da Verdade apontou, que sob o comando de Ustra, foram registradas pelo menos 45 mortes e desaparecimentos forçados no DOI-Codi do II Exército, em São Paulo.

O filho do Bolsonaro ironizou o fato de a imprensa reproduzir as acusações feitas por Joice Hasselmann de que ele comanda uma central de memes. "Matérias jornalísticas que jogam uma bomba: descobrimos que no gabinete do Eduardo Bolsonaro existe pessoas por fazer memes, da Peppa pig".

Nas redes sociais, desde que passou a criticar os filhos do presidente, Joice tem sido relacionada à personagem do desenho animado infantil. Eduardo também fez elogios a Olavo Carvalho, o guru do bolsonarismo.

A cerimônia da última sexta-feira (25) foi marcado por palavras de ordem contra Bozzella vinfa da plateia que ocupava o plenário principal da Assembleia. As galerias não chegaram a lotar.

Na entrevista, Eduardo também atacou Bozzella ao tentar justificar por que tem destituído presidentes de diretórios municipais no interior de São Paulo. "Júnior Bozzella dominava os diretórios em São Paulo. Ele não é uma pessoa confiável. Não posso permitir que seja o dono partido no estado". 

O início da sessão foi presidido pelo deputado Gilmaci Santos (Republicanos), primeiro vice-presidente da Casa. Santos dizia estar recebendo Eduardo em nome do presidente Cauê Macris (PSDB), que está viajando. Cauê é um dos principais aliados do governador João Doria.

A homenagem foi uma inciativa do deputado Douglas Garcia, integrante do movimento Direita São Paulo, que recentemente foi rebatizado de Conservadores. Eduardo se sentou ao lado do líder da bancada do PSL na Assembleia, Gil Diniz, que na semana passada foi acusado por um funcionária de recorrer à prática conhecida como rachadinha. "Eu confio na inocência do Gil Diniz", disse o filho de Bolsonaro.

Eduardo chamou ainda o denunciante Alexandre Junqueira, que ajudou em sua campanha no ano passado, de "gente finíssima". Gil Diniz foi asssessor do filho de Bolsonaro antes de ser eleito. Ao discursar, Diniz defendeu que Eduardo seja o sucessor do pai na Presidência da República. "Não tenho dúvida nenhuma que você é naturalmente sucessor do seu pai naquela cadeira", afirmou, se dirigindo ao filho de Bolsonaro.

Na entrevista antes da homenagem, Eduardo ainda defendeu a manutenção da prisão após a condenação em segunda instância, que está sendo julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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 "Ninguém quer que um criminoso seja solto. Segunda instância já é tempo suficiente para um processo chegar a uma verdade necessária para condenação de alguém".